Quem penetrava no interior, acedia ao
solo do templo, o qual media 60 côvados de altura, outros tantos de comprimento
e 20 côvados de largura.
Além disso, este edifício de
60 côvados era dividido. O primeiro compartimento (o Santo), com o
comprimento de 40 côvados, continha 3 obras de arte maravilhosas e célebres no
mundo inteiro: um candelabro, uma mesa e um altar para queimar incenso. As 7 lâmpadas figuravam os planetas, porque
era o número de braços que partiam do candelabro. Os 12 pães postos sobre a
mesa representavam o ciclo do Zodíaco e o (dos meses) do ano. Quanto
ao altar para o incenso, pelos 13 perfumes de que se guarnecia e que provinham
do mar e da terra, tanto não habitada como
habitada (oikouménê), significava que tudo pertence a Deus e que tudo
apela para Deus.
A parte mais recuada tinha
uma largura (e um comprimento) de 20 côvados. Era, igualmente,
separada do exterior por um véu pendente. Não se
encontrava absolutamente nada nesta sala; era, para todo o mundo, inacessível,
inviolável, resguardada dos olhares. Era chamada «Santo do Santo» (hagíou
hágion).
Nos flancos do templo, no
rés do chão, havia muitos compartimentos de 3 tetos, comunicando entre eles,
com corredores, de um lado e do outro, que para aí conduziam desde a
porta.
O andar superior, sendo mais
estreito, não tinha mais este género de compartimentos, mas elevava-se mais
alto, até 40 côvados, e era de uma apresentação mais simples que o de baixo.
Desta forma, acrescentando-lhe os 60 côvados do rés do chão, a altura total é
de 100 côvados.
Ex
25, 23-40; 27, 20-21; 30, 1-10; 37, 10-29. São este candelabro e esta mesa
que figuram entre os despojos do templo de Jerusalém, num relevo do Arco de
Tito, em Roma.
Os
7 «planetas» eram Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter, Saturno, a Lua e o
próprio Sol. A Terra não era incluída no número dos planetas. Urano, Neptuno e
Plutão não são visíveis a olho nu e não eram conhecidos naquela época.
Não
sabemos se o véu que «se rasgou em dois, de alto a baixo» (Mt 27, 51;
Mc 15, 38; Lc 23, 45), quando Jesus morreu, foi este, se foi o da porta, ou se
foram ambos.
O véu interior media,
forçosamente, 20 CV de largura. Podia medir 55 CV de altura, como o véu
exterior, se atribuirmos 5 CV à altura do teto do andar inferior (Mid IV,
6).
O
primeiro compartimento, o Santo, teria pouca luminosidade; o segundo
compartimento, o Santo dos Santos, situado para lá do véu, estaria na
escuridão. No templo de Salomão, no Santo dos Santos encontravam-se a Arca da
Aliança e os querubins sobre ela. Como esta desapareceu durante o cativeiro da
Babilónia, passou a estar vazio.
O naós foi
construído por sacerdotes, porque só eles lá tinham acesso, e só o sumo
sacerdote podia entrar no Santo dos Santos.
A
descrição que F. Josefo faz das celas do templo de Salomão ajuda a completar
esta: «O rei edificou, em torno do templo, 30 pequenas celas, que deviam,
pela seu aperto e pelo seu número, formar uma cerca exterior contínua. Além
disso, organizou as entradas, de forma que se tivesse acesso de uma para outra.
Cada uma destas pequenas celas media 5 côvados de largura, outro tanto de
comprimento e 20 de altura. Sobre elas sobrepunham-se outros alojamentos e
ainda outros sobre estes, com as mesmas dimensões e com o mesmo número, de
forma que, na totalidade, tinham a mesma altura que o edifício principal(60
CV); porque o andar superior não era cercado de celas. Todo o edifício
tinha um teto de cedro. As celas tinham cada uma o seu próprio teto, sem
ligação com as vizinhas, mas o resto do templo tinha um teto comum, construído
com vigas muito longas que atravessavam todas as partes (?), de forma que os
muros intermédios eram mantidos conjuntamente pelas mesmas peças de madeira, o
que reforçava a sua solidez. Quanto ao teto sob as vigas da cobertura, fê-lo da
mesma matéria, perfurada para formar caixotões e receber aplicações de ouro. Os
muros, guarnecidos de madeira de cedro, foram, igualmente, incrustados de ouro.
[...] O rei mandou fazer, para subir ao andar de cima, uma escada na espessura
do muro, porque este andar não tinha uma grande porta a leste, como o de baixo;
era pelos lados que se tinha acesso a ele por meio de portas muito pequenas.
(A. J. Liv. VIII, 3, 2). O muro exterior das celas tinha de medir, também,
5 CV de espessura (Mid 3, 7) (1Rs 6, 5-8; Ez 41, 6. 9). É evidente que F.
Josefo descreve aqui, não o templo de Salomão, mas o de Herodes!
A grande porta (do
templo) tinha 2 pequenas portas: uma a norte e outra a sul» (Mid 4,
2). Trata-se das entradas para as celas inferiores. Ao contrário do que
diz a Mishnáh, as 2 «escadas redondas» de acesso aos pisos
superiores e ao cimo do templo(Mid 4, 5. 7) não podiam ficar paralelas às
celas, mas no interior das partes salientes da fachada, a norte e a sul do
vestíbulo.
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