sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A Fachada do Templo Propriamente Dito

O próprio templo (naós), o santuário sagrado, situado no meio (katà méson keímenos), era acessível por 12 degraus.

Em altura e em largura, a sua fachada media 100 côvados.

Por trás, ele era 40 côvados mais estreito: à frente, era como ombros, ultrapassando 20 côvados de um lado e (20 côvados) do outro (par' hekáteron). 

A sua primeira porta, com a altura de 70 côvados e com a largura de 25, não tinha batentes: exprimia, com efeito, o caráter boquiaberto do céu que não seria capaz de se fechar.

Toda a sua fachada era revestida de ouro, e, pela abertura, de fora, podia-se ver quanto era vasto o primeiro compartimento (o vestíbulo); e todo o brilhante dourado que enquadrava a porta do fundo prendia o olhar.

Compreendendo o templo 2 tetos no interior, não se tinha diante de si senão o primeiro compartimento (o vestíbulo): erguia-se de um só impulso a uma altura de 90 côvados; tinha 50 de comprimento e 20 de largura.

A porta manejada na construção era inteiramente revestida de ouro, como acabo de dizer, tal como todo o muro que a enquadrava. Era sobrepujada de parras de ouro donde pendiam cachos do tamanho de um homem, [tendo o templo 2 tetos, no interior o compartimento mostrava-se menos elevado que a sua vista exterior, e ela tinha batentes dourados de 55 côvados de altura e 16 de largura. 

Há quem pretende situar o naós mais a norte ou mais a sul do centro da esplanada. F. Josefo, que certamente o conhecia muito bem, situa-o no centro.

O 12.º degrau talvez fosse o próprio limiar da entrada, com 5 CV de largura (Mid 4, 7). 

Segundo F. Josefo, o templo começou por ter uma base de 20 CV de altura, a qual teria sido reduzida para 6 CV (Mid 4, 6). Por isso, inicialmente, cada degrau ocuparia, apenas, uma largura e uma altura de 0,5 CV. No início, seriam 40 degraus (= 20 CV X 0,5 CV). Talvez mais tarde se tivesse alterado os degraus, para a maior parte deles medir 1 CV de largura e alguns medirem 3 CV de largura (Mid 3, 6). De facto, escadas de degraus em grupos são frequentes nas construções herodianas. Parece ser um bom motivo para que os compiladores da Mishnáh se lembrassem que os degraus eram 12, mais de um século depois da destruição do templo.

Em altura, media 100 CV mais a altura dos degraus. Se cada um dos 12 degraus medisse 0,5 CV de altura, formando uma «sólida base de 6 côvados» (Mid 4, 6), o templo mediria 106 CV de altura. Na planta, o templo tinha a forma de um T, medindo, por trás, 60 CV de largura (100 - 40 = 60; 60 + 20 + 20 =100). (Cf. Esd 6, 1-5). Como o interior do novo vestíbulo do templo media 20 CV de largura, é de crer que a largura exterior da fachada fosse de 32 CV.

Certamente uma abertura em arco, entre 4 colunas (ou pilastras), como se vê em moedas judaicas de 135 d. C. O naósteria, assim, uma fachada semelhante a um arco de triunfo sem ático. Alguns entendem que não se deve interpretar literalmente a representação do templo que essa moeda representa, afirmando que entre as 4 colunas se vê a Arca da Aliança. Segundo essa interpretação, o que parece um arco seriam os 2 querubins e as 2 bolinhas seriam as varas de transporte da arca. No entanto, em antigas sinagogas, existem representações de uma porta ladeada de colunas, podendo ter um véu à frente, e com um elemento decorativo arqueado sobre ela.(Uma pintura da sinagoga de Dura Europus (séc. III) é particularmente inequívoca, não lhe faltando, mesmo, os 2 pequenos círculos decorativos).

O primeiro compartimento, o vestíbulo ou Ulam, media o dobro da largura do anterior, que era de 10 CV (1Rs 6, 3). A altura interior de 90 CV implica 10 CV para a cobertura (100 CV - 90). Os tetos do templo eram todos planos, de madeira de cedro. É difícil imaginar uma cobertura tradicional em terraço com 10 CV de espessura (4, 44 m). Mais fácil é imaginar um telhado inserido dentro desse espaço, com chapas metálicas ou com telhas, escondido pela parte superior das paredes.

Estas palavras entre [ ] são uma ditografia.

Como o naós tinha 100 CV de altura, seria esteticamente lógico que a sua porta tivesse 50 CV de altura. Ora, como o andar inferior tinha 60 CV de altura, 55 CV são uma medida de consenso entre 50 CV e 60. Estes 55 CV de altura incluíam, evidentemente, o que quer dizer que os batentes mediam 44 CV de altura (4/5 X 55).


É possível que esta porta de 16 CV de largura tivesse 2 batentes dobráveis (4 + 4) + (4 + 4). (Cf.: 1Rs 6, 34; Ez 41, 23; Mid 4, 1). Se assim fosse, só seria necessário abrir os batentes centrais, porque só por lá passava um sacerdote de cada vez.

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