Um rochedo de um contorno
bastante vasto e de uma grande altura está isolado de todas as partes por
profundas ravinas, cujo fundo não se vê. São escarpadas e inacessíveis aos pés
de qualquer ser vivo, exceto em dois sítios, onde a rocha se presta a uma
subida penível.
Destes dois caminhos, um parte do lago Asfaltite na direção do
Oriente; o outro fica a Ocidente e oferece mais facilidade à caminhada.
Chama-se o primeiro «Serpente», por causa da sua estreiteza e das suas inúmeras
curvas: porque é cortado onde as escarpas sobressaem, volta frequentemente
sobre si próprio, alongando-se, depois, pouco apouco, prossegue com grande
dificuldade a sua progressão. Qualquer homem que siga este caminho tem de se apoiar
alternadamente sobre cada pé, porque a morte vigia-o; de cada lado abrem-se
abismos que podem gelar de medo o mais bravo. Quando se seguiu o caminho no
espaço de 30 estádios, só se tem diante de si um cimo sem ponta terminal, que
forma no cume uma superfície plana.
Foi sobre este planalto que
o Sumo Sacerdote Jónatas construiu inicialmente uma fortaleza, que ele
denominou Massada (Masada); em seguida, o rei Herodes ocupou-se como grande
zelo em preparar este lugar.
Elevou em torno do cume, num
comprimento de 7 estádios, uma muralha de pedras brancas, com 12 côvados de
altura, com a espessura de 8 (côvados). Sobre ela, erguiam-se 37 torres com 50
côvados de altura, donde se podia passar para habitações construídas em toda a
face interior do muro. O rei tinha reservado o cume para a cultura, que é
fértil e de uma terra mais móvel que todas as planícies; deste modo, se
houvesse escassez de provisões de fora, a fome pouparia os que tivessem
confiado a salvação deles à fortaleza.
Construiu também um palácio
na vertente ocidental, sob as muralhas da cidadela e voltado para o Norte. O
muro deste palácio era alto e sólido; era flanqueado nos ângulos por 4 torres
de 60 côvados de altura. No interior, a disposição dos apartamentos, pórticos e
banhos ofereciam muita variedade e luxo; por todo o lado se erguiam colunas
monolíticas; os muros e o pavimento dos apartamentos eram revestidos de
mosaicos de cores variadas.
Perto de cada um dos sítios
habitados, tanto na altura como em torno do palácio e diante da muralha, tinha
mandado escavar muitas grandes cisternas na rocha, para fornecer água com a
mesma abundância como se lá houvesse fontes.
Um caminho escavado,
invisível de fora, conduzia do palácio ao cimo da colina. De resto, era difícil
aos inimigos fazer uso mesmo dos caminhos que se viam, porque o do Oriente é,
como dissemos, naturalmente inacessível, e Herodes fortificara o do Ocidente,
na sua parte mais estreita, com uma forte torre, que uma distância de pelo
menos 1000 côvados separava do cimo, e não era possível voltar nem fácil de
tomar. Mesmo para viajantes nada tendo a temer, a saída era árdua. Assim, a
natureza e a mão dos homens tinham fortificado este lugar contra os ataques dos
inimigos.
Admirava-se ainda mais a
riqueza e o bom estado dos aprovisionamentos acumulados; de facto, mantinha-se
em reserva trigo em quantidade suficiente para um longo tempo, muito vinho e
azeite, legumes secos de variadas espécies e montes de tâmaras.
(B. J. VII, Cap. VIII , 3 - 4)
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