Na quarta fronte do muro do períbolo,
a sul, havia, também, portas no meio, e, além
disso, o «Pórtico Régio», que se estende em comprimento, com a sua ala tripla,
da ravina este à ravina oeste: não se teria podido prolongá-lo mais.
Era a obra mais admirável
que existiu debaixo do Sol. Tal era já a profundidade da ravina que,
curvando-se para ver o fundo, não se poderia suportar a vista. Herodes, no
entanto, construiu, no próprio bordo, um pórtico de dimensões imensas, a ponto
de, se se tentasse, do cimo do teto, sondar esta dupla profundidade,
ficar-se-ia atacado de vertigens, não conseguido a vista medir mesmo o abismo.
As colunas foram dispostas
simetricamente em 4 filas, a quarta das quais estava embebida no muro de
pedra. A espessura das colunas era tal que eram precisos
3 homens, unindo os braços estendidos em torno, para as abraçar. O perímetro da
base era de 27 pés, com uma spira dupla (na base). Havia, ao todo, 162 colunas. Os capitéis
esculpidos eram à maneira de Corinto, e tudo era de uma magnificência
impressionante.
Entre estas 4 filas de
colunas, havia 3 naves cobertas. As 2 laterais, que eram feitas em conjunto e
dispostas da mesma maneira, tinham cada uma 30 pés de largura, 1 estádio de
comprimento, e mais de 50 pés de altura. A nave do meio
tinha uma largura de uma vez e meia (= 45 pés) e uma altura
dupla (= 100 pés); esta nave ultrapassava,
portanto, muito as duas vizinhas.
O teto era ornado de
esculturas em madeira, representando todas as espécies de desenhos. Era elevado
no meio e sustentado por um muro formando cornija, que repousava sobre o
entablamento do andar inferior. Este muro era decorado com colunas embebidas, e
tudo era polido «à régua». Quem não viu este trabalho não pode fazer nenhuma
ideia dele, e os que o viram ficavam tomados de admiração.
A
porta dupla [«as 2 portas de Huldah» (Mid 1, 3)] e a porta
tripla. A porta dupla é acessível por 30 degraus, de cerca de 64 m de
comprimento. Os degraus são agrupados 2 a 2, e terminam num grupo de 4, no
cimo.
27
pés só podem ser o perímetro das colunas, não em torno do fuste, mas de uma
base quadrada. Com efeito, se «a espessura das colunas era tal que eram
precisos 3 homens, unindo os braços estendidos em torno, para as abraçar», o
fuste tinha de ter um perímetro muito inferior a 27 P. Um fuste de 27 P de
diâmetro (7,992 m) só seria abraçado por 3 homens, se medissem, cada um deles,
2,664 m de uma mão à outra! O que é credível é uma base quadrada, por baixo
da spira dupla, com 6,75 P de lado (2 m). O fuste era mais estreito,
não medindo, com certeza, mais de 5 P de diâmetro (1,48 m) (1/8 da altura total
das colunas). Um fuste com 5 P de diâmetro (15,7075 P de perímetro) seria
facilmente abraçado por 3 homens.
162 não é divisível por 4;
160 é que é o número mais próximo divisível por 4 e que dá 4 filas de 40
colunas cada uma. As 2 últimas colunas só poderiam estar na nave central, ou na
extremidade oriental, ou na extremidade ocidental. Inclinamo-nos para a
primeira hipótese, por estar muito mais em conformidade com a arquitetura
greco-romana. Provavelmente, a nave central teria um remate oriental
semicircular, em êxedra, com as 2 últimas colunas, visto que a extremidade
ocidental já tinha uma porta. Este é o plano mais habitual das basílicas e
aparece em escavações de edifícios herodianos. Aceitando esta hipótese, resta
admitir 2 portas a ocidente, uma à frente da outra, delimitando um
vestíbulo(nártex). Este não poderia ser mais largo que nave central, por causa
dos pastofórios.
Na
realidade, o espaço que essa basílica ocupava mede 281 m (=1,58 estádio) de
comprimento. Descontando, em cada uma das extremidades, a largura dos
compartimentos dos ângulos SO e SE (os pastofórios), continuamos a ter um
comprimento muito superior a um estádio: 281 m - 16 m(?) - 16 m(?) = 249 m(?).
Mais
de 50 pés de altura» deve, possivelmente, incluir o parapeito sobre a
cornija. Também não está excluída a existência de um telhado sobre as naves
laterais, para além do parapeito. Os 100 P da altura da nave central incluem,
logicamente, a respetiva inclinação do telhado, em duas vertentes. A nave
central, sendo mais alta, teria janelas alternadas com «colunas
embebidas» (meias colunas). Os tetos eram todos de madeira de cedro,
planos, em caixotões.
Tratar-se-ia de uma basílica
semelhante a muitas outras, com a diferença de a nave lateral do lado norte não
ter parede exterior, mas apenas colunas. Temos toda a legitimidade de
pensar que ela não estivesse concluída no tempo de Jesus, porque o átrio
exterior do templo só foi terminado no ano 64 d. C., 34 anos depois. Também não
existem motivos para situar na extremidade oriental desta basílica
o «pináculo do templo» (Mt 4, 5-7; Lc 4, 9-12). É melhor situá-lo na
fachada do naós, que era, de facto, o lugar mais alto do templo. Mais
verosímil é, no entanto, que as tentações de Jesus não tivessem implicado
nenhuma deslocação física ao pináculo do templo, nem a nenhum monte.
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