A torre Antónia estava situada no ângulo de dois pórticos do primeiro
pátio do templo, o pórtico de oeste e o pórtico do norte.
Estava construída sobre um
rochedo (pétra) de 50 côvados de altura, a pique de todos os
lados. Era uma construção do rei Herodes, onde ele
mostrou particularmente a magnificência natural do seu génio.
Para começar, o rochedo,
desde a sua base, foi recoberto de placas de pedras lisas, para embelezar, mas
também para que, escorregasse quem quer que tentasse escalá-lo ou descê-lo.
Além disso, havia à frente
do próprio edifício da torre um muro de 3 côvados, e era no interior deste muro
que se elevava, até uma altura de 40 côvados, toda a superestrutura da Antónia.
No interior, apresentava o
espaço e a disposição de um palácio régio (basíleion). Dividia-se em toda
a espécie de salas para todos os usos: peristilos e banhos, com vastos salões;
de tal forma que, tendo todas as comodidades, se assemelhava a uma cidade, mas,
pela sua riqueza, era um palácio.
No conjunto, apresentava o
aspeto de uma torre, mas nos ângulos destacavam-se 4 outras torres, 3 das quais
mediam 50 côvados de altura; mas a que, ao sul, estava situada no ângulo
oriental, media 70, de maneira que, da sua altura,
se podia ter uma visão de conjunto do santuário.
No sítio em que ela se
ligava aos pórticos do santuário, tinha, para atingir cada um deles,
escadas por onde os guardas desciam; porque uma coorte
romana montava guarda permanente na Antónia e, nos dias de festa, os soldados,
armados em torno dos pórticos, vigiavam o povo para prevenir qualquer
desordem.
Com efeito, se o templo
dominava a cidade como uma fortaleza, a Antónia, por sua vez, dominava o
templo, e era nela que se encontravam os guardiães dos três ao mesmo tempo.
Quanto à cidade alta, a sua própria fortaleza era o palácio de Herodes.
A colina de Bezetha era
separada da Antónia, como disse. A mais alta de todas as colinas era contígua a
uma parte da cidade nova e, do lado do norte, a única a esconder a vista do
templo.
O rochedo sobre o qual
assentava a torre Antónia é em forma de bota (L), com o comprimento O - E de
115 m, as larguras de 35 m a O e de 42 m a E, e a altura de 9 m (11 m no
máximo). A norte deste rochedo encontra-se a piscina Struthion (andorinha).
Existem vestígios do fosso que cercava a fortaleza junto ao muro de 3 CV.
O rochedo pode ter tido 50
CV de altura (22,2 m), ou ter sido completado com pedras até essa altura. O
ângulo interno desse rochedo em forma de bota (L), alinhado com o ângulo NO do
recinto do templo, não é um ângulo reto. John Wilkinson (Jerusalém Anno Domini,
Op. cit., p. 58-63) é da opinião de que o lado norte da fortaleza Antónia
estaria ligado ao ângulo NE do templo por um muro paralelo ao muro do sul do
templo. Baseia-se em dois argumentos: Josefo diz, ao falar do períbolo exterior
do templo, «o seu desenvolvimento completo, compreendendo
a (torre) Antónia, formava um circuito de cerca de 6 estádios, e
existe uma rua nesse local, paralela ao muro do sul do templo, a qual não
existia nessa época.
A torre mais alta, no ângulo
SE da fortaleza, não estaria sobre o rochedo, mas sobre uma plataforma,
intercetando o pórtico N do templo, porque Herodes construiu um passagem
subterrânea desde a torre Antónia até à porta oriental do períbolo interior do
templo, Foi, todavia, encontrado um túnel, conhecido como canal asmoneu, desde
a piscina Struthion, mas que não deve ser aquele de que Josefo fala.
A função da piscina
Struthion poderia ser a de intercetar a passagem para uma porta a N da
fortaleza, através de uma ponte levadiça, mas parece demasiadamente longa para
tal efeito (53 m X 15 m). Foi pelo meio desta piscina que os Romanos atacaram e
destruíram a fortaleza, o que sugere a existência da tal porta com uma ponte
levadiça (B. J. 5, 467).
Josefo não diz se a torre
Antónia tinha ameias e merlões. Por paralelismo com outras fortificações por
ele descritas, é natural que existissem e que se devessem somar à altura que
ele indica para este castelo e para as 4 torres dos ângulos.
Foi
destas escadas que S. Paulo, acabado de ser preso pelo tribuno, falou aos
Judeus (At 21, 34-40).
Há
quem duvide da expulsão dos vendilhões do templo (Mt 21, 12-13; 26, 61; Mc
11, 15-17; 14, 58; Lc 19, 45-46; Jo 2, 13-25), com o pretexto de que os
soldados que rodeavam os pórticos exteriores não permitiriam que Jesus causasse
tal distúrbio. (Ressuscitar mortos é muito mais complicado!) Convém, no
entanto, não esquecer que os pórticos exteriores só foram terminados em 64 d.
C. O único pórtico exterior referido nos Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos,
dando a entender que estava concluído, é o pórtico oriental, chamado «Pórtico
de Salomão.
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