sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

As 3 Muralhas


Das 3 muralhas, a mais antiga, por causa das ravinas e da colina em inclinação onde ela tinha sido construída, era difícil de tomar. Além da vantagem da sua localização, ela tinha sido solidamente construída por David e por Salomão e pelos reis que depois deles rivalizaram nesta construção. No entanto, do norte, da Torre dita Hípicos, estendia-se até ao Xisto, tocando, em seguida, a Sala do Conselho (Boulê),  e terminava no pórtico ocidental do templo. Na outra direção, a oeste, partindo do mesmo ponto (da torre Hípicos), atingia, através do lugar denominado Bethso, a Porta dos Essénios. Daí, a sul, curvava-se até para lá da fonte de Siloé, após a qual, a este, obliquava na direção da Piscina de Salomão, continuava até um lugar chamadoOphlas, onde se juntava ao pórtico oriental do templo.

A segunda muralha começava na porta que se chamava Porta de Gennath, que fazia parte da primeira muralha. Não cercava senão o bairro norte e subia até à (torre) Antónia.

A terceira muralha começava na torre Hípicos. Daí, ela atingia, em direção ao norte, a torre Pséphinos. Em seguida, descia em frente do monumento de Helena, rainha de Adiabene, filha do rei Izatés. Mergulhava entre as grutas reais, curvando-se até à torre de ângulo junto do túmulo denominado «do Pisão». Por fim, ligando à antiga trincheira, chegava ao vale chamado do Cédron. Esta última muralha foi construída por Agripa para cercar a excrescência da cidade que se encontrava então a descoberto, porque a cidade, devido ao excesso da sua população, tinha pouco a pouco transbordado das suas muralhas. Os habitantes, reunindo o bairro situado a norte do templo à colina, avançaram até bastante longe e cobriram com as suas habitações uma quarta colina, chamada Bezetha, situada frente à Antónia, mas separada dela por uma concavidade profunda. Este fosso foi cavado de propósito, para evitar que os alicerces da Antónia, se continuassem ligados à colina, se tornassem acessíveis e não fossem mais erguidos. Por este facto, a profundidade do fosso deu a estas torres uma grandíssima altura. O bairro recentemente construído foi chamado no país Bezetha, que traduzido em grego se diria Kainópolis.

Como os habitantes deste bairro necessitavam de defesa, o pai do atual rei e do mesmo nome que ele, Agripa, começou a muralha de que acabámos de falar; mas temendo que Cláudio César, pela importância do empreendimento, desconfiasse de algum espírito de revolução e de sedição, parou o trabalho no momento em que se acabava somente de lançar os alicerces. Efetivamente, a cidade teria sido invencível se esta muralha tivesse progredido com se tinha começado, porque ela era construída de blocos de 20 côvados de comprimento por 10 de largura, e não se teria podido facilmente miná-la com o ferro ou derrubá-la com máquinas de guerra. O próprio muro tinha uma espessura de 10 côvados; a sua altura teria sido verosimilmente mais elevada se a ambição do que a tinha começado não tivesse sido travada. Mais tarde, porém, ainda que fosse à pressa, foi erguida pelos Judeus até 20 côvados, com merlões de 2 côvados e parapeitos (=ameias) de 3 côvados, de tal maneira que a altura total atingia 25 côvados.

Esta primeira muralha é a única cujo traçado oferece poucas dúvidas. A parte norte desta muralha, que ia desde o palácio de Herodes até ao muro ocidental do templo, deve ter sido parcialmente substituída por uma ponte larga (de 15 m de largura) e comprida, da qual fazia parte o chamado arco de Wilson. É natural que esta substituição fosse consequência da construção da segunda muralha, a qual tornava desnecessária esta parte da primeira.
O traçado da segunda muralha é muito discutido na parte ocidental, onde se ligava à primeira muralha, porque neste espaço há muitos restos de muralhas. O próprio local da Porta de Gennath é desconhecido.

A terceira muralha, cujo traçado é muito discutido, incluía o local do Calvário, que antes ficava «do lado de fora da porta»(Hb 13, 11-12).
A sala do Sinédrio, o «Tribunal dos 71.

A Mishnáh situa a sala do Sinédrio a sul do átrio dos sacerdotes, sem lhe atribuir medidas que lhe permitissem tal função(Mid 5, 4). Dá a essa sala o nome de «Sala da Pedra Talhada» (Lishkat-ha-Gazith), como se não fosse normal as construções herodianas serem de pedra talhada! Diz, também, o Talmud, que 40 anos antes da destruição do templo (por volta de 30 d. C.), o Sinédrio foi expulso da Sala da Pedra Talhada para um local de comércio. (?!) A respeito da disposição interna, diz:«Os assentos estavam dispostos em hemiciclo, podendo cada membro ver todos os outros. O presidente (o sumo sacerdote)sentava-se no centro e os anciãos à sua direita e à sua esquerda» (Tosifta Sanh. 8, 1).«Dois secretários dos juízes mantinham-se frente a eles, um à direita e outro à esquerda. Recolhiam os votos dos que se pronunciavam por uma absolvição e dos que condenavam. O rabi Judá diz que eram três: além dos dois referidos, um terceiro recolhia a totalidade dos votos. Três filas de discípulos dos sábios estavam à frente deles, tendo cada um o seu lugar pessoal. Se fosse preciso designar (um deles para completar o número dos juizes presentes), o Sinédrio escolhia um dos da primeira fila. O seu próprio lugar tornava-se o de um dos da segunda fila, substituído, por seu lado, por um dos da terceira. Por fim, os juízes designavam um dos assistentes para vir sentar-se na terceira fila, sem substituir o que tinha passado para a segunda, mas guardando o seu estatuto pessoal.» (Sanh. 4, 3 s).

É mais credível, no entanto, que os juízes estivessem dispostos em U do que em semicírculo, o que não exigia uma largura tão grande. Mesmo assim, não podemos acreditar que o Sinédrio alguma vez tenha funcionado numa sala do períbolo interior do templo. A localização do Sinédrio no templo deve ser extrapolação de Dt 17, 8-13.

A boulê, segundo os dados de Josefo, ficaria perto do atual recinto do Muro das Lamentações, fora do templo, por conseguinte. Quanto à forma e ao aspeto dessa sala, nada sabemos; apenas podemos imaginá-los. Uma boulê (oubouleutérion) grega era, normalmente, um edifício (ligeiramente) retangular. Tinha os assentos em semicírculo como num teatro, ou direitos e em 3 lados, e um teto de madeira suportado ou não por colunas. Neste caso, resta, também, imaginar as paredes de «pedras talhadas» com as bossagens típicas dos edifícios herodianos. Naturalmente, a cadeira do sumo sacerdote, ao fundo, seria mais saliente.

Talvez esta sala deve ser identificada com o chamado Átrio dos Capitéis ou Átrio Maçónico. É uma sala de 25 m por 18 m, coberta com abóbada de berço lisa e tendo pilastras nas paredes.

Como é de esperar, também a descrição que a Mishnáh faz do funcionamento do Sinédrio não condiz com o desenrolar da paixão de Jesus.
Nem esse lugar, nem a porta dos Essénios foram ainda atualmente identificados.
 A «piscina do rei», seg. Ne 2, 14.

Existe, “porém, em Jerusalém, próximo à [porta] Probática, uma piscina, chamada em hebraico Bezata, tendo cinco pórticos.»(Jo 5, 2-4). Esta piscina, situada a norte do templo, era formada por dois tanques de uns 13 m de profundidade, formando um quadrado irregular de cerca de 100 m de comprimento por 80 m e 62 m de largura. O tanque meridional é maior que o tanque setentrional. Cercando estes tanques, havia quatro pórticos e havia ainda um 5.º pórtico no espaço entre os dois tanques. Em torno destes tanques, encontram-se restos de várias banheiras individuais, com alguns degraus. É natural que os paralíticos se atirassem, não à piscina, com 13 m de profundidade, mas a estas banheiras. O tanque setentrional ficava a um nível superior, donde se pode supor que, de tempos a tempos, poderia jorrar daí água para o tanque meridional.


Herodes Agripa I (41-43 d. C.).

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