Das 3 muralhas, a mais
antiga, por causa das ravinas e da colina em inclinação onde ela tinha sido
construída, era difícil de tomar. Além da vantagem da sua localização, ela
tinha sido solidamente construída por David e por Salomão e pelos reis que
depois deles rivalizaram nesta construção. No entanto,
do norte, da Torre dita Hípicos, estendia-se até ao Xisto, tocando, em seguida, a Sala do Conselho (Boulê), e terminava no pórtico ocidental do templo. Na outra
direção, a oeste, partindo do mesmo ponto (da torre Hípicos),
atingia, através do lugar denominado Bethso, a Porta dos Essénios. Daí, a sul, curvava-se até para lá da fonte de Siloé, após
a qual, a este, obliquava na direção da Piscina de Salomão, continuava
até um lugar chamadoOphlas, onde se juntava ao pórtico oriental do templo.
A segunda
muralha começava na porta que se chamava Porta de Gennath, que
fazia parte da primeira muralha. Não cercava senão o bairro norte e subia até
à (torre) Antónia.
A terceira
muralha começava na torre Hípicos. Daí, ela atingia, em direção ao
norte, a torre Pséphinos. Em seguida, descia em frente do monumento de
Helena, rainha de Adiabene, filha do rei Izatés. Mergulhava entre as grutas
reais, curvando-se até à torre de ângulo junto do túmulo denominado «do Pisão».
Por fim, ligando à antiga trincheira, chegava ao vale chamado do Cédron. Esta
última muralha foi construída por Agripa para cercar a excrescência da cidade
que se encontrava então a descoberto, porque a cidade, devido ao excesso da sua
população, tinha pouco a pouco transbordado das suas muralhas. Os habitantes,
reunindo o bairro situado a norte do templo à colina, avançaram até bastante
longe e cobriram com as suas habitações uma quarta colina, chamada Bezetha, situada
frente à Antónia, mas separada dela por uma concavidade profunda. Este fosso
foi cavado de propósito, para evitar que os alicerces da Antónia, se
continuassem ligados à colina, se tornassem acessíveis e não fossem mais
erguidos. Por este facto, a profundidade do fosso deu a estas torres uma
grandíssima altura. O bairro recentemente construído foi chamado no país
Bezetha, que traduzido em grego se
diria Kainópolis.
Como os habitantes deste
bairro necessitavam de defesa, o pai do atual rei e do mesmo nome que ele,
Agripa, começou a muralha de que acabámos de falar; mas
temendo que Cláudio César, pela importância do empreendimento, desconfiasse de
algum espírito de revolução e de sedição, parou o trabalho no momento em que se
acabava somente de lançar os alicerces. Efetivamente, a cidade teria sido
invencível se esta muralha tivesse progredido com se tinha começado, porque ela
era construída de blocos de 20 côvados de comprimento por 10 de largura, e não
se teria podido facilmente miná-la com o ferro ou derrubá-la com máquinas de
guerra. O próprio muro tinha uma espessura de 10 côvados; a sua altura teria
sido verosimilmente mais elevada se a ambição do que a tinha começado não
tivesse sido travada. Mais tarde, porém, ainda que fosse à pressa, foi erguida pelos
Judeus até 20 côvados, com merlões de 2 côvados e
parapeitos (=ameias) de 3 côvados, de tal maneira que a altura total
atingia 25 côvados.
Esta
primeira muralha é a única cujo traçado oferece poucas dúvidas. A parte norte
desta muralha, que ia desde o palácio de Herodes até ao muro ocidental do
templo, deve ter sido parcialmente substituída por uma ponte larga (de 15 m de
largura) e comprida, da qual fazia parte o chamado arco de Wilson. É natural
que esta substituição fosse consequência da construção da segunda muralha, a
qual tornava desnecessária esta parte da primeira.
O traçado da segunda
muralha é muito discutido na parte ocidental, onde se ligava à primeira
muralha, porque neste espaço há muitos restos de muralhas. O próprio local da
Porta de Gennath é desconhecido.
A terceira muralha,
cujo traçado é muito discutido, incluía o local do Calvário, que antes
ficava «do lado de fora da porta»(Hb 13, 11-12).
A Mishnáh situa a
sala do Sinédrio a sul do átrio dos sacerdotes, sem lhe atribuir medidas que
lhe permitissem tal função(Mid 5, 4). Dá a essa sala o nome de «Sala
da Pedra Talhada» (Lishkat-ha-Gazith), como se não fosse normal as
construções herodianas serem de pedra talhada! Diz, também, o Talmud, que
40 anos antes da destruição do templo (por volta de 30 d. C.), o Sinédrio foi
expulso da Sala da Pedra Talhada para um local de comércio. (?!) A
respeito da disposição interna, diz:«Os assentos estavam dispostos em
hemiciclo, podendo cada membro ver todos os outros. O presidente (o sumo
sacerdote)sentava-se no centro e os anciãos à sua direita e à sua
esquerda» (Tosifta Sanh. 8, 1).«Dois secretários dos juízes mantinham-se
frente a eles, um à direita e outro à esquerda. Recolhiam os votos dos que se pronunciavam
por uma absolvição e dos que condenavam. O rabi Judá diz que eram três: além
dos dois referidos, um terceiro recolhia a totalidade dos votos. Três filas de
discípulos dos sábios estavam à frente deles, tendo cada um o seu lugar
pessoal. Se fosse preciso designar (um deles para completar o número dos
juizes presentes), o Sinédrio escolhia um dos da primeira fila. O seu
próprio lugar tornava-se o de um dos da segunda fila, substituído, por seu
lado, por um dos da terceira. Por fim, os juízes designavam um dos assistentes
para vir sentar-se na terceira fila, sem substituir o que tinha passado para a
segunda, mas guardando o seu estatuto pessoal.» (Sanh. 4, 3 s).
É mais credível, no entanto,
que os juízes estivessem dispostos em U do que em semicírculo, o que
não exigia uma largura tão grande. Mesmo assim, não podemos acreditar que o
Sinédrio alguma vez tenha funcionado numa sala do períbolo interior do templo.
A localização do Sinédrio no templo deve ser extrapolação de Dt 17, 8-13.
A boulê, segundo
os dados de Josefo, ficaria perto do atual recinto do Muro das Lamentações,
fora do templo, por conseguinte. Quanto à forma e ao aspeto dessa sala, nada
sabemos; apenas podemos imaginá-los. Uma boulê (oubouleutérion) grega era,
normalmente, um edifício (ligeiramente) retangular. Tinha os assentos em
semicírculo como num teatro, ou direitos e em 3 lados, e um teto de madeira
suportado ou não por colunas. Neste caso, resta, também, imaginar as paredes
de «pedras talhadas» com as bossagens típicas dos edifícios
herodianos. Naturalmente, a cadeira do sumo sacerdote, ao fundo, seria mais
saliente.
Talvez esta sala deve ser
identificada com o chamado Átrio dos Capitéis ou Átrio Maçónico. É uma sala de
25 m por 18 m, coberta com abóbada de berço lisa e tendo pilastras nas paredes.
Como é de esperar, também a
descrição que a Mishnáh faz do funcionamento do Sinédrio não condiz
com o desenrolar da paixão de Jesus.
Existe,
“porém, em Jerusalém, próximo à [porta] Probática, uma piscina, chamada em
hebraico Bezata, tendo cinco pórticos.»(Jo 5, 2-4). Esta piscina, situada a
norte do templo, era formada por dois tanques de uns 13 m de profundidade,
formando um quadrado irregular de cerca de 100 m de comprimento por 80 m e 62 m
de largura. O tanque meridional é maior que o tanque setentrional. Cercando
estes tanques, havia quatro pórticos e havia ainda um 5.º pórtico no espaço
entre os dois tanques. Em torno destes tanques, encontram-se restos de várias
banheiras individuais, com alguns degraus. É natural que os paralíticos se
atirassem, não à piscina, com 13 m de profundidade, mas a estas
banheiras. O tanque setentrional ficava a um nível superior, donde se pode
supor que, de tempos a tempos, poderia jorrar daí água para o tanque
meridional.
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