O Átrio das Mulheres – Havia, forçosamente,
2 (portas) a oriente; porque, deste lado, tendo sido construído um
muro para reservar um lugar de culto particular às mulheres, era precisa uma
segunda porta; esta foi construída frente à primeira.
Nos outros lados, havia uma
porta a sul e outra a norte, que davam acesso ao «átrio das mulheres». Elas não
podiam, com efeito, entrar pelas outras portas,nem transpor o
muro de separação que ladeava o seu próprio átrio. Este espaço, de resto,
estava aberto ao culto às judias do país e igualmente às mulheres da mesma
raça, mas que viessem de outros lados.
Flavio Josefo sugere, assim,
que o períbolo interior foi construído primeiramente todo seguido, e só depois
é que nele se construiu um muro para fazer a separação entre as mulheres e os
homens. A ideia de o construir deve ter sido posterior à construção do
períbolo, até porque não existe, no Antigo Testamento, nenhuma referência a tal
separação. Sendo assim, o mais lógico é que fosse construído a ligar duas
êxedras, uma do norte com outra do sul do períbol. A altura deste muro não é
indicada, o que leva a pensar que era a mesma do muro que circundava o
períbolo, dos batentes da Porta Coríntia e das êxedras: 40 CV. A afirmação
de Mid 2, 4 não se aplica ao templo de Herodes, porque à frente da
porta do naós ficava uma êxedra de 50 CV de altura e uma torre,
segundo F. Josefo.
Cf.: «E [o átrio das
mulheres] era, inicialmente, nivelado, e cercaram-no com uma galeria, para que
as mulheres olhassem de cima e os homens de baixo, com a finalidade de não se
misturarem.» (Mid 2, 5).
Todo o períbolo interior
mediria 200 CV no sentido norte – sul, o dobro do anterior, o quer dizer que o
átrio das mulheres media 200 CV de comprimento por cerca de 135 CV de largura.
(Cf.: Mid 2, 5).
As Portas
e os Pórticos dos Átrios Interiores – A parte ocidental
não tinha porta mas, deste lado, o muro tinha sido construído todo
seguido.
Após a entrada, estes
portais alargavam-se, no interior, de um lado e do outro (par' hekáteron),
em êxedras com o comprimento e a largura de 30 côvados, com aspeto de
torres, com a sua altura de mais de 40 côvados. 2 colunas de 12 côvados de
perímetro sustentavam cada uma das êxedras. As
dimensões dos outros portais eram as mesmas, mas o que permitia passar do átrio
das mulheres para lá da Porta de Corinto, e que se abria a oriente, frente à
porta do templo, era muito maior, com os seus 50 côvados de altura, os
seus batentes de 40 côvados e a sua sumptuosa
ornamentação, onde se havia prodigalizado espessos revestimentos de prata e de
ouro. Ouro, Alexandre, pai de Tibério, espalhou-o sobre as outras 9 portas. 15
degraus mais baixos que os 5 degraus dos outros portais
conduziam do períbolo do átrio das mulheres a esta porta maior.
Do
lado ocidental, o muro foi «construído todo seguido» = «construído sem
interrupção», porque não tinha porta. As interrupções do muro do períbolo
interior eram, portanto, as portas, com as pilastras destas. Talvez as
pilastras das portas fossem as únicas pilastras deste muro.
Como Josefo fala
dos «pórticos entre as portas, frente às salas do Tesouro», e como o
espaço entre o muro ocidental e a Rocha Sagrada não permite construções muito
largas, é de supor que, deste lado, o períbolo interior apenas tivesse um muro,
sem pórticos nem salas.
Jo
8, 20: «[Jesus] disse estas palavras no Tesouro, ensinando no
templo». Este capítulo 8 do Evangelho de S. João inclui o episódio da
mulher adúltera, que não seria levada para além do átrio das mulheres. Em todo
o caso, o átrio dos homens não devia ser muito prático para discutir o que quer
que fosse.
A Mishnáh situa 3
salas a norte e 3 salas a sul do átrio dos sacerdotes, mais 4 nas extremidades
do átrio das mulheres e mais uma de cada lado da Porta de Nicanor (porta
oriental), num total de 12 salas (Uma por cada tribo de Israel?) (Mid 1,
4; 2, 5; 5, 3-4). Trata-se, em grande parte, de extrapolações de Ez
40, 38-46; 42, 1-14 e 44, 15-19. O número de 12 salas encaixadas entre as
êxedras é o que se obtém, ao traçar a planta do períbolo interior com os dados
de Josefo, mas aMishnáh atribui-lhes funções rituais, que nada têm a ver
com as de salas do Tesouro, o que já o contradiz e aos Evangelhos. Chega ao
ponto de situar aí a sala do Sinédrio, sem lhe atribuir medidas que lhe
permitam tal função. Josefo, com efeito, situa as salas dos sacerdotes
(os pastofórios) no(s) ângulo(s) sul do átrio exterior.
Convém confrontar esta
descrição com os planos do Heródion, dos «Túmulos dos Reis» no vale do Cédron,
do Panteão de Roma, do templo do Sol em Baalbec, de pórticos diversos de ágora
(fórum), etc.
As
colunas do períbolo de baixo mediam 25 CV. A altura interior do períbolo
superior era de 25 CV. Descontando a altura do entablamento a estes 25 CV, as
colunas do períbolo superior só podiam medir 20 CV (= 4/5 X 25 CV); por isso,
eram inferiores nas dimensões às dos pórticos de baixo. Se os pórticos do
períbolo superior só eram diferentes dos do períbolo de baixo nas dimensões,
deduz-se que também eram arquitetonicamente da ordem toscana (ou
dórica-romana).
a) Se cada batente medisse
15 CV de largura, as portas mediriam 30 CV de largura, o que não é possível,
pois elas«alargavam-se, no interior, de um lado e do outro, em êxedras com o
comprimento e a largura de 30 côvados.
b) Se as portas medissem 30
CV de largura (13,32 m), teriam de ter um pilar no meio e seriam portas duplas.
Como as êxedras mediam 30 CV de comprimento e de largura, o pilar tinha de ser
descontado à largura dos batentes; o que torna impossível cada batente medir 15
CV de largura.
Os batentes destas portas
mediam 30 CV de altura e o muro media 40 CV (sem contar com as ameias). Os 10
CV de diferença (1/4 da altura) não equivalem à altura clássica do entablamento
romano (1/5 da altura). Os lintéis e as pilastras (ou os montantes) das portas
eram destacados do resto do muro, por serem revestidos de ouro e de prata, tal
como os batentes. Há 2 hipóteses alternativas, das quais nos inclinamos para a
primeira, por estar mais em conformidade com a lógica da arte greco-romana:
a) O muro teria um
entablamento de 8 CV de altura (1/5 X 40 CV), tal como as êxedras do interior.
Os lintéis das portas seriam troços salientes do entablamento do muro,
suportados por 2 pilastras por cada porta. Essas pilastras talvez tivessem
capitéis coríntios. Por cima e dos lados dos batentes das portas, haveria
ombreiras e montantes, que não ultrapassariam os 2 CV de largura (em cima e dos
lados). Um vestígio de uma ombreira ou de um montante, descoberto entre as
ruínas do templo, encaixa nessa medida, já que mede cerca de 50 cm de largura,
embora não tenha a largura completa.
b) O muro seria rematado
apenas por uma cornija de 2,5 CV de altura, e as portas teriam lintéis de 7,5
CV de altura, com ombreiras salientes lateralmente no topo, em forma de T. Em
antigas sinagogas e em antigos túmulos judaicos, são vulgares essas portas.
Junto ao ângulo sudoeste do templo, foi encontrado um fragmento de uma ombreira
como essas, de uma porta do períbolo exterior, mas nada nos garante que as
portas do períbolo interior eram assim, até porque o outro fragmento,
anteriormente citado, é demasiadamente estreito, mesmo não incluindo a largura
total. Admitindo esta hipótese, o muro teria um aspeto demasiadamente maciço
para fazer parte da obra mais importante dos Judeus.
Em todo o caso, é habitual
monumentos da Palestina da época greco-romana não obedecerem a grande rigor
clássico, nomeadamente nas proporções, sendo habituais entablamentos que ocupam
muito mais do que 1/5 da altura.
As êxedras,
compartimentos normalmente semicirculares, com assentos construídos em torno,
eram frequentíssimas nos edifícios greco-romanos. Tinham, habitualmente, duas
colunas. O Heródion também tinha 2 êxedras semicirculares, cada uma delas com 2
colunas. Também os túmulos do vale do Cédron têm 2 colunas em cada face e
pilastras de ângulo.
Josefo diz que todas as 10
portas deste períbolo tinham êxedras, como é lógico. A Mishnáh só
fala de uma, a norte do átrio dos sacerdotes. (Mid 1, 5-8; 2, 5; 5, 3-4).
(Cf.: Ez 40, 44-46) A única êxedra que Josefo diz ter tido uma torre
por cima (= uma câmara alta) é a êxedra oriental do átrio das mulheres.
Ao dizer «com aspeto de
torres, com a sua altura de mais de 40 CV», talvez Josefo se refira ao
parapeito sobre a cornija, porque é difícil imaginar as cornijas das êxedras
desniveladas dos 40 CV da altura da muralha. É plausível a existência dum
telhado pouco inclinado sobre as êxedras, em vez dum terraço suportado por
traves de madeira, cobrindo uma extensão de 30 CV por 30 CV (13,32 m por 13,32
m). Esse telhado sobre as êxedras seria, muito possivelmente, em 4 vertentes,
como era próprio de torres. (Conf. com os túmulos do vale do Cédron). Os
guardas das portas do templo poderiam, mesmo assim, caminhar em torno desse
telhado, sobre o muro, provido de um parapeito em torno, como é próprio de
muitos castelos. O acesso ao cimo seria por escadas redondas inseridas na
espessura das paredes. (Cf.: Mid 2, 9; 5, 3).
A
versão latina diz: «de 40 côvados de largura, com batentes de medidas
iguais (a esta)». A largura dos batentes não é referida, talvez por
terem a mesma largura dos restantes: 15 CV para os dois batentes em conjunto. A
diferença de altura entre 50 CV e 40 era, evidentemente, a altura do
entablamento (1/5 X 50 CV).
Tem interesse confrontar o
plano do templo de Jerusalém com os planos dos templos egípcios: nestes,
aparece uma porta muito alta de entrada, mais alta que os pórticos interiores
que cercam o átrio, orientado para um muro com uma porta ao centro, frente à
anterior. Para além deste muro e desta segunda porta, fica a fachada dos
compartimentos interiores, reservados aos sacerdotes. Estes compartimentos
interiores, são, por vezes, alinhados em forma de T.
Se os 5 degraus que
conduziam às 9 portas do períbolo tivessem 0,5 CV ( =1 palmo) de
altura (Mid 2, 3; 3, 6), os 15 degraus da Porta Coríntia teriam 1 mão
de altura (= 1/3 X 1 palmo).
Se estes 15 degraus ocupavam
uma altura equivalente às dos 5 degraus das restantes portas (5 X 0,5 CV = 2,5
CV = 1,11 m), não é de acreditar que o templo de Herodes tivesse os
compartimentos que a Mishnáh situa por baixo do átrio dos homens, que
nem sequer eram lugares apropriados para guardar instrumentos
musicais. (Mid 2, 5-6) Sabemos, no entanto, que o templo tinha
subterrâneos.
Diz o apócrifo Livro do
Nascimento da Bem-aventurada Maria e da Infância do Salvador (Evangelho do
Pseudo-Mateus), IV: «Cumpridos 9 meses, Ana deu ao mundo uma filha e chamou-a
com o nome Maria. Quando a desmamou, ao 3.º ano, Joaquim e ela dirigiram-se ao
templo do Senhor, e, tendo oferecido vítimas ao Senhor, apresentaram-lhe a sua
filhinha Maria, para que ela habitasse com as virgens que, noite e dia, cem
cessar, louvavam a Deus. Quando foi conduzida diante do templo do Senhor, Maria
subiu a correr os 15 degraus, sem olhar para trás e sem reclamar os seus pais,
como fazem todas as criancinhas. “E isso tocou de espanto toda a assistência, a
tal ponto que até os sacerdotes do templo estavam admirados».
A
Fachada do Templo Propriamente Dito – O próprio
templo (naós), o santuário sagrado, situado no meio (katà méson
keímenos), era acessível por 12 degraus.
Em altura e em largura, a
sua fachada media 100 côvados.
A sua primeira porta, com a
altura de 70 côvados e com a largura de 25, não tinha batentes: exprimia, com
efeito, o caráter boquiaberto do céu que não seria capaz de se fechar.
Toda a sua fachada era
revestida de ouro, e, pela abertura, de fora, podia-se ver quanto era vasto o
primeiro compartimento (o vestíbulo); e todo o brilhante dourado que
enquadrava a porta do fundo prendia o olhar.
Compreendendo o templo 2
tetos no interior, não se tinha diante de si senão o primeiro
compartimento (o vestíbulo): erguia-se de um só impulso a uma altura de 90
côvados; tinha 50 de comprimento e 20 de largura.
A porta manejada na
construção era inteiramente revestida de ouro, como acabo de dizer, tal como
todo o muro que a enquadrava. Era sobrepujada de parras de ouro donde pendiam
cachos do tamanho de um homem, [tendo o templo 2 tetos, no interior o
compartimento mostrava-se menos elevado que a sua vista exterior, e
ela tinha batentes dourados de 55 côvados de altura e 16 de largura.
Há
quem pretende situar o naós mais a norte ou mais a sul do centro da
esplanada. F. Josefo, que certamente o conhecia muito bem, situa-o no centro.
O 12.º degrau talvez fosse o
próprio limiar da entrada, com 5 CV de largura (Mid 4, 7). Segundo F.
Josefo, o templo começou por ter uma base de 20 CV de altura, a qual teria sido
reduzida para 6 CV (Mid 4, 6). Por isso, inicialmente, cada degrau
ocuparia, apenas, uma largura e uma altura de 0,5 CV. No início, seriam 40
degraus (= 20 CV X 0,5 CV). Talvez mais tarde se tivesse alterado os degraus,
para a maior parte deles medir 1 CV de largura e alguns medirem 3 CV de
largura (Mid 3, 6). De facto, escadas de degraus em grupos são
frequentes nas construções herodianas. Parece ser um bom motivo para que os
compiladores da Mishnáh se lembrassem que os degraus eram 12, mais de
um século depois da destruição do templo.
Em
altura, media 100 CV mais a altura dos degraus. Se cada um dos 12 degraus
medisse 0,5 CV de altura, formando uma «sólida base de 6
côvados» (Mid 4, 6), o templo mediria 106 CV de altura. Na planta, o
templo tinha a forma de um T, medindo, por trás, 60 CV de largura (100 -
40 = 60; 60 + 20 + 20 =100). (Cf. Esd 6, 1-5). Como o interior do novo
vestíbulo do templo media 20 CV de largura, é de crer que a largura exterior da
fachada fosse de 32 CV.
Certamente
uma abertura em arco, entre 4 colunas (ou pilastras), como se vê em moedas
judaicas de 135 d. C. O naósteria, assim, uma fachada semelhante a um arco
de triunfo sem ático. Alguns entendem que não se deve interpretar
literalmente a representação do templo que essa moeda representa, afirmando que
entre as 4 colunas se vê a Arca da Aliança. Segundo essa interpretação, o que
parece um arco seriam os 2 querubins e as 2 bolinhas seriam as varas de
transporte da arca. No entanto, em antigas sinagogas, existem representações de
uma porta ladeada de colunas, podendo ter um véu à frente, e com um elemento
decorativo arqueado sobre ela.(Uma pintura da sinagoga de Dura Europus (séc.
III) é particularmente inequívoca, não lhe faltando, mesmo, os 2 pequenos
círculos decorativos).
O
primeiro compartimento, o vestíbulo ou Ulam, media o dobro da largura
do anterior, que era de 10 CV (1Rs 6, 3). A altura interior de 90 CV implica 10
CV para a cobertura (100 CV - 90). Os tetos do templo eram todos planos, de
madeira de cedro. É difícil imaginar uma cobertura tradicional em terraço com
10 CV de espessura (4, 44 m). Mais fácil é imaginar um telhado inserido dentro
desse espaço, com chapas metálicas ou com telhas, escondido pela parte superior
das paredes.
Como
o naós tinha 100 CV de altura, seria esteticamente lógico que a sua
porta tivesse 50 CV de altura. Ora, como o andar inferior tinha 60 CV de
altura, 55 CV são uma medida de consenso entre 50 CV e 60. Estes 55 CV de
altura incluíam, evidentemente, o que quer dizer que os batentes mediam 44 CV
de altura (4/5 X 55).
É possível que esta porta de
16 CV de largura tivesse 2 batentes dobráveis (4 + 4) + (4 + 4). (Cf.: 1Rs
6, 34; Ez 41, 23; Mid 4, 1). Se assim fosse, só seria necessário abrir os
batentes centrais, porque só por lá passava um sacerdote de cada vez.
O Primeiro
Véu do Templo – Diante destes batentes e com as
mesmas dimensões (=55 côvados por 16), havia um véu pendente, em tecido babilónio de diversas cores, tecido de violeta,
de linho fino, de escarlate e de púrpura, admiravelmente executado, não sem
apresentar nesta harmonia de preparos uma vista profunda e como que uma imagem
do Universo.
Pelo escarlate, com efeito,
oferecia uma alusão ao fogo; pelo linho fino, à terra; pelo violeta, ao ar; e
pela púrpura, ao mar. Nos dois primeiros casos, a similitude vinha da cor,
enquanto pelo linho e pela púrpura era por causa da sua origem, sendo um
produto da terra e outro do mar. Este tecido reproduzia na sua tapeçaria todo o
espetáculo do céu, com exceção dos signos do
Zodíaco.
As
duas bolinhas que se veem no centro da moeda da 2.ª Revolta Judaica, de 135 d.
C., podem muito bem querer representar o Sol e a Lua, «os dois luzeiros
maiores» (Gn. 1, 16).
O Interior
do Templo – Quem penetrava no interior, acedia ao solo do
templo, o qual media 60 côvados de altura, outros tantos de comprimento e 20
côvados de largura.
Além disso, este edifício de
60 côvados era dividido. O primeiro compartimento (o Santo), com o
comprimento de 40 côvados, continha 3 obras de arte maravilhosas e célebres no
mundo inteiro: um candelabro, uma mesa e um altar para queimar incenso. As 7 lâmpadas figuravam os planetas, porque
era o número de braços que partiam do candelabro. Os 12 pães postos sobre a
mesa representavam o ciclo do Zodíaco e o (dos meses) do ano. Quanto
ao altar para o incenso, pelos 13 perfumes de que se guarnecia e que provinham
do mar e da terra, tanto não habitada como
habitada (oikouménê), significava que tudo pertence a Deus e que tudo
apela para Deus.
A parte mais recuada tinha
uma largura (e um comprimento) de 20 côvados. Era, igualmente,
separada do exterior por um véu pendente. Não se
encontrava absolutamente nada nesta sala; era, para todo o mundo, inacessível,
inviolável, resguardada dos olhares. Era chamada «Santo do Santo» (hagíou
hágion).
Nos flancos do templo, no
rés do chão, havia muitos compartimentos de 3 tetos, comunicando entre eles,
com corredores, de um lado e do outro, que para aí conduziam desde a
porta.
O andar superior, sendo mais
estreito, não tinha mais este género de compartimentos, mas elevava-se mais
alto, até 40 côvados, e era de uma apresentação mais simples que o de baixo.
Desta forma, acrescentando-lhe os 60 côvados do rés do chão, a altura total é
de 100 côvados.
Ex
25, 23-40; 27, 20-21; 30, 1-10; 37, 10-29. São este candelabro e esta mesa
que figuram entre os despojos do templo de Jerusalém, num relevo do Arco de
Tito, em Roma.
Os
7 «planetas» eram Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter, Saturno, a Lua e o
próprio Sol. A Terra não era incluída no número dos planetas. Urano, Neptuno e
Plutão não são visíveis a olho nu e não eram conhecidos naquela época.
Não
sabemos se o véu que «se rasgou em dois, de alto a baixo» (Mt 27, 51;
Mc 15, 38; Lc 23, 45), quando Jesus morreu, foi este, se foi o da porta, ou se
foram ambos.
O véu interior media,
forçosamente, 20 CV de largura. Podia medir 55 CV de altura, como o véu
exterior, se atribuirmos 5 CV à altura do teto do andar inferior (Mid IV,
6).
O
primeiro compartimento, o Santo, teria pouca luminosidade; o segundo
compartimento, o Santo dos Santos, situado para lá do véu, estaria na
escuridão. No templo de Salomão, no Santo dos Santos encontravam-se a Arca da
Aliança e os querubins sobre ela. Como esta desapareceu durante o cativeiro da
Babilónia, passou a estar vazio.
O naós foi
construído por sacerdotes, porque só eles lá tinham acesso, e só o sumo
sacerdote podia entrar no Santo dos Santos.
A
descrição que F. Josefo faz das celas do templo de Salomão ajuda a completar
esta: «O rei edificou, em torno do templo, 30 pequenas celas, que deviam,
pela seu aperto e pelo seu número, formar uma cerca exterior contínua. Além
disso, organizou as entradas, de forma que se tivesse acesso de uma para outra.
Cada uma destas pequenas celas media 5 côvados de largura, outro tanto de
comprimento e 20 de altura. Sobre elas sobrepunham-se outros alojamentos e
ainda outros sobre estes, com as mesmas dimensões e com o mesmo número, de
forma que, na totalidade, tinham a mesma altura que o edifício principal(60
CV); porque o andar superior não era cercado de celas. Todo o edifício
tinha um teto de cedro. As celas tinham cada uma o seu próprio teto, sem
ligação com as vizinhas, mas o resto do templo tinha um teto comum, construído
com vigas muito longas que atravessavam todas as partes (?), de forma que os
muros intermédios eram mantidos conjuntamente pelas mesmas peças de madeira, o
que reforçava a sua solidez. Quanto ao teto sob as vigas da cobertura, fê-lo da
mesma matéria, perfurada para formar caixotões e receber aplicações de ouro. Os
muros, guarnecidos de madeira de cedro, foram, igualmente, incrustados de ouro.
[...] O rei mandou fazer, para subir ao andar de cima, uma escada na espessura
do muro, porque este andar não tinha uma grande porta a leste, como o de baixo;
era pelos lados que se tinha acesso a ele por meio de portas muito pequenas.
(A. J. Liv. VIII, 3, 2). O muro exterior das celas tinha de medir, também,
5 CV de espessura (Mid 3, 7) (1Rs 6, 5-8; Ez 41, 6. 9). É evidente que F.
Josefo descreve aqui, não o templo de Salomão, mas o de Herodes!
«A grande porta (do
templo) tinha 2 pequenas portas: uma a norte e outra a sul» (Mid 4,
2). Trata-se das entradas para as celas inferiores. Ao contrário do que
diz a Mishnáh, as 2 «escadas redondas» de acesso aos pisos
superiores e ao cimo do templo(Mid 4, 5. 7) não podiam ficar paralelas às
celas, mas no interior das partes salientes da fachada, a norte e a sul do
vestíbulo.
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