Corinto foi uma das cidades mais orgulhosas, ricas e perversas do mundo antigo. Estava localizada na faixa de terra de seis quilômetros de largura que unia a parte sul do Peloponeso com a parte continental da Grécia. Converteu-se facilmente no maior centro comercial da Grécia por estar situada sobre a estrada norte-sul, e por ser os dois portos marítimos florescentes de Cencréia, no leste, e de Lechaeum, no oeste. Estava, portanto, literalmente “na encruzilhada dos caminhos”. Em seus arredores havia terras férteis onde cresciam oliveiras, parreiras, tamareiras e outras árvores frutíferas.
Como cabeça da liga da Acaia, foi destruída em 146 a.C. por Mummius, o cruel líder romano, que enviou carregamentos de esculturas, quadros e outros tesouros artísticos de Corinto para Roma.
No ano de 46 a.C. Júlio César reconstruiu a cidade, dotando-a de ruas amplas, praças de mercado, templos, teatros estátuas, fontes e o santuário de mármore branco e azul, o rostra, onde eram pronunciados discursos e sentenças. Ao sul estava a Acrocorinto, uma colina que se levantava 152 metros acima da cidade. No seu ápice erguiam-se o templo e a estátua de Afrodite (Astarté), a deusa da fertilidade e do amor que dominava grande parte da vida social e religiosa do povo.
Paulo chegou a Corinto em torno de 52 d.C., e permaneceu ali durante um ano e meio, ganhando a vida através da fabricação de tendas. Durante esse tempo, ele converteu com sua pregação tanto a judeus como a gregos, e fundou a igreja, a qual depois escreveu duas cartas imortais. Estima-se que no tempo em que Paulo esteve em Corinto a cidade teria uma população de uns 250 mil cidadãos livres e não mais de uns 400 mil escravos.
Embora Corinto não fosse uma cidade universitária como Atenas, não deixava de ser caracterizada pela cultura grega. Seus habitantes interessavam-se pela filosofia grega e tinham a sabedoria na mais alta estima.
Em Corinto havia pelo menos 12 templos. Não há certeza se todos estavam em funcionamento nos dias do apóstolo Paulo. Um dos mais infames era dedicado a Afrodite, cujos adoradores praticavam a prostituição religiosa. Uns 400 metros ao norte do teatro ficava o templo de Asclépio, o deus da cura, e no meio da cidade estava localizado o templo de Apolo. Além da sinagoga dos judeus.
Assim com qualquer cidade comercial, Corinto era centro de imoralidade pública e irrefreada. A adoração a Afrodite promovia a prostituição em nome da religião. Em certo período, mil prostitutas sagradas serviam no seu templo. A imoralidade de Corinto tornou-se tão amplamente divulgada que o verbo grego “corintianizar” veio a significar “praticar imoralidade sexual”. Num ambiente como esse, não é de admirar que a igreja de Corinto estivesse atormentada por diversos problemas.
A cidade esteve quase continuamente habitada até 1858, quando foi destruída por um grande terremoto. Os habitantes que sobreviveram edificaram a nova Corinto a seis quilômetros da anterior. A cidade antiga encontrava-se em ruínas e estava sendo gradualmente enterrada por muitos metros de areia, quando em 1856 a Escola Americana de Estudos Clássicos de Atenas tomou posse do local e cavou vinte fossos experimentais em vários lugares. No fosso número três desenterraram uma rua pavimentada de mais de 14 metros de largura, com calçadas e canais, mas sem rastros de rodas, o que indicava que era usada só por pedestres. A rua estava orientada no sentido norte-sul, o que levou os escavadores a segui-la esperando encontrar a Ágora (praça do mercado).
Nas explosões sucessivas, os escavadores realizaram muitos achados pequenos, tais como pedaços de esculturas, vários fragmentos de jarros, relevos, objetos de barro cozido, um anjo, um umbral de mármore de uma porta que tinha uma inscrição que dizia: “Sinagoga dos Hebreus”, e um bloco de pedra calcária onde havia uma inscrição do primeiro século que dizia que Erasto, o comissário e administrador da cidade, havia pavimentado essa praça com seu próprio dinheiro. Paulo escreve acerca de um Erasto que era diretor de obras públicas, ou tesoureiro da cidade (Rm 16.23). É possível que a inscrição fale do mesmo homem, que mais tarde se converteu ao cristianismo, e chegou a ser um colaborador valioso de Paulo.
As maiores descobertas constavam de um teatro grego, o templo de Apolo, a antiga corte e fonte de Peirene, o Ágora e a plataforma de julgamento, onde provavelmente Paulo foi trazido a presença de Gálio, sendo em seguida absolvido. Eles também encontraram o piso onde os gregos “agarraram a Sóstenes, chefe da Sinagoga, e o espancaram diante do tribunal” (Atos 18.17).
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