No 18.º ano do seu
reino, após ter feito tudo o que precede, Herodes
abordou uma empresa considerável: a reconstrução do templo de Deus. Queria
aumentar o períbolo e a altura do edifício para o tornar mais imponente.
Pensava, com razão, que esta obra seria a mais notável de todas aquelas em que
ele tivesse trabalhado e que seria suficiente para lhe assegurar uma glória
eterna. (...) Convocou, pois, os habitantes e falou-lhes nestes termos: -«(...)
O nosso templo atual foi elevado em honra do Deus Omnipotente pelos nossos
pais, no seu retorno da Babilônia, mas faltam-lhe em altura 60 côvados para
atingir as dimensões que tinha o primeiro templo, o que foi construído por
Salomão (...).
(Herodes) mandou preparar
1000 carroças para transportar as pedras; escolheu 10 000 operários dos mais
experientes; comprou para 1000 sacerdotes paramentos sacerdotais (?), ensinou a uns a profissão de pedreiro, a outros a de
carpinteiro; e com todos estes preparativos assim cuidadosamente acabados, pôs
mãos à obra.
(A. J. XV. 12, 1-2)
O
Templo Propriamente Dito (Naós) – Após ter demolido as antigas
fundações, lançou novas, sobre as quais elevou o templo,que media 100 côvados
de comprimento (e de largura), e mais 20 em
altura (= 120 côvados), excedente que desapareceu mais tarde em
consequência de um afundamento das fundações, com o tempo; tinha-se decidido,
no tempo de Nero, reerguê-lo.
O templo foi construído em
pedra branca muito dura, medindo cada bloco 25 côvados de comprimento, 8 de
altura e cerca de 12 de espessura.
Tanto no templo como no
Pórtico Régio (basíleion stoê), as partes laterais eram menos altas e
a construção do meio mais elevada. Era visível a muitos estádios de distância,
pelos habitantes do campo, sobretudo pelos que estavam à frente ou avançavam
nesta direção.
As portas de
entrada (do templo), juntamente com o lintel, tão altas como o
próprio templo, foram ornadas de cortinas coloridas, oferecendo à vista flores
tingidas de púrpura e colunas inseridas. Por cima das portas, até aos
cimos (=arquitraves) do muro, havia uma vinha de ouro, com cachos
pendentes, maravilha de grandeza e de arte, e na qual a fineza do trabalho
disputava a riqueza do material.
(A. J. XV. 12, 3
Como o novo
vestíbulo (Ulam) passou a medir 20 CV de largura, o dobro do
anterior, nos 100 de comprimento do novo templo (naós) não se pode
contar a largura das celas de trás. O comprimento total, contando com estas,
seria, muito provavelmente, de 112 CV, segundo os nossos cálculos, da seguinte
forma: 1 CV para a espessura das pilastras da fachada, 5 CV para a espessura do
muro oriental do vestíbulo, 20 CV para a largura do vestíbulo, 6 CV para a
espessura do muro da porta, 60 CV para o comprimento interior
do naós (Hekal e Debir), 8 CV para a espessura do
respetivo muro, 2 para os suportes das traves das celas laterais, 5 CV para a
largura das mesmas celas e 5 CV para a espessura do respetivo muro exterior. Os
32 CV que a Mishnáh atribui ao altar nada mais podem ser do que as
medidas da largura da fachada: como Josefo diz que o muro do templo media 8 CV
de espessura, 100 - 8 (largura do muro) - 60 = 32!
De acordo com a descrição de
F. Josefo, a altura do templo herodiano era, inicialmente, de 120 CV, mas parte
da base de 20 CV foi encoberta «mais tarde em consequência de um afundamento
das fundações, com o tempo». O que quer que tenha acontecido só se explica se
admitirmos que o templo não estava situado sobre a atual rocha sagrada, mas a
ocidente desta.
Segundo B.
J. V, o véu tinha as mesmas medidas que a porta (55 CV por 16 CV). Dentro
da lógica da arte greco-romana, os 55 CV incluíam o lintel (entablamento) da
porta, cujos batentes em conjunto mediriam 44 CV de altura (= 4/5 X 55 CV) e 16
CV de largura. O véu media 55 CV por 16 CV, cobrindo a parte central do lintel.
As «colunas tecidas» (adossadas) seriam duas colunas (ou pilastras)
esculpidas na parede, uma de cada lado da porta, suportando o entablamento
desta, conforme se vê em antigas representações do templo.
A primeira abertura», que
não tinha batentes, de 70 CV de altura por 25 CV de largura, teria um remate em
arco ligeiramente alteado, preenchendo o espaço entre 55 CV e 70 CV, conforme
sugerem a lógica da arte romana, as medidas fornecida por F. Josefo e as moedas
que representam a fachada do templo, emitidas em 135 d. C. (60 anos após a
destruição deste). Estas últimas moedas também apresentam 4 colunas (ou
pilastras) na fachada do templo, 2 de cada lado de uma abertura em arco, e
seria difícil imaginar a sua fachada de outra maneira, perante os dados aqui
apresentados.
A vinha de ouro é situada,
por F. Josefo, acima da porta e debaixo das arquitraves do interior do primeiro
compartimento, aberto, o vestíbulo ou Ulam, o qual tinha 90 CV de altura, 50 CV
de comprimento e de 20 CV de largura. Esta vinha talvez fosse em forma de
arabescos, situados nas quatro paredes interiores desse primeiro compartimento,
desde os 55 CV da porta para cima. A vinha de ouro teria, pois, 25 CV de altura
(= 4/5 X 100 CV, das arquitraves para baixo, -55 CV da altura da porta). (Cf.:
Mid 3, 8).
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