sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O Templo

No 18.º ano do seu reino,  após ter feito tudo o que precede, Herodes abordou uma empresa considerável: a reconstrução do templo de Deus. Queria aumentar o períbolo e a altura do edifício para o tornar mais imponente. Pensava, com razão, que esta obra seria a mais notável de todas aquelas em que ele tivesse trabalhado e que seria suficiente para lhe assegurar uma glória eterna. (...) Convocou, pois, os habitantes e falou-lhes nestes termos: -«(...) O nosso templo atual foi elevado em honra do Deus Omnipotente pelos nossos pais, no seu retorno da Babilônia, mas faltam-lhe em altura 60 côvados para atingir as dimensões que tinha o primeiro templo, o que foi construído por Salomão (...).

(Herodes) mandou preparar 1000 carroças para transportar as pedras; escolheu 10 000 operários dos mais experientes; comprou para 1000 sacerdotes paramentos sacerdotais (?), ensinou a uns a profissão de pedreiro, a outros a de carpinteiro; e com todos estes preparativos assim cuidadosamente acabados, pôs mãos à obra.

(A. J. XV. 12, 1-2)

 20 ou 19 a. C.

O Templo Propriamente Dito (Naós) – Após ter demolido as antigas fundações, lançou novas, sobre as quais elevou o templo,que media 100 côvados de comprimento (e de largura),  e mais 20 em altura (= 120 côvados), excedente que desapareceu mais tarde em consequência de um afundamento das fundações, com o tempo; tinha-se decidido, no tempo de Nero, reerguê-lo.

O templo foi construído em pedra branca muito dura, medindo cada bloco 25 côvados de comprimento, 8 de altura e cerca de 12 de espessura.

Tanto no templo como no Pórtico Régio (basíleion stoê), as partes laterais eram menos altas e a construção do meio mais elevada. Era visível a muitos estádios de distância, pelos habitantes do campo, sobretudo pelos que estavam à frente ou avançavam nesta direção.
As portas de entrada (do templo), juntamente com o lintel, tão altas como o próprio templo, foram ornadas de cortinas coloridas, oferecendo à vista flores tingidas de púrpura e colunas inseridas. Por cima das portas, até aos cimos (=arquitraves) do muro, havia uma vinha de ouro, com cachos pendentes, maravilha de grandeza e de arte, e na qual a fineza do trabalho disputava a riqueza do material. 

(A. J. XV. 12, 3

Cf.: Ez 41, 13-15. Mid 4, 6.

Como o novo vestíbulo (Ulam) passou a medir 20 CV de largura, o dobro do anterior, nos 100 de comprimento do novo templo (naós) não se pode contar a largura das celas de trás. O comprimento total, contando com estas, seria, muito provavelmente, de 112 CV, segundo os nossos cálculos, da seguinte forma: 1 CV para a espessura das pilastras da fachada, 5 CV para a espessura do muro oriental do vestíbulo, 20 CV para a largura do vestíbulo, 6 CV para a espessura do muro da porta, 60 CV para o comprimento interior do naós (Hekal e Debir), 8 CV para a espessura do respetivo muro, 2 para os suportes das traves das celas laterais, 5 CV para a largura das mesmas celas e 5 CV para a espessura do respetivo muro exterior. Os 32 CV que a Mishnáh atribui ao altar nada mais podem ser do que as medidas da largura da fachada: como Josefo diz que o muro do templo media 8 CV de espessura, 100 - 8 (largura do muro) - 60 = 32!

De acordo com a descrição de F. Josefo, a altura do templo herodiano era, inicialmente, de 120 CV, mas parte da base de 20 CV foi encoberta «mais tarde em consequência de um afundamento das fundações, com o tempo». O que quer que tenha acontecido só se explica se admitirmos que o templo não estava situado sobre a atual rocha sagrada, mas a ocidente desta.

Segundo B. J. V, o véu tinha as mesmas medidas que a porta (55 CV por 16 CV). Dentro da lógica da arte greco-romana, os 55 CV incluíam o lintel (entablamento) da porta, cujos batentes em conjunto mediriam 44 CV de altura (= 4/5 X 55 CV) e 16 CV de largura. O véu media 55 CV por 16 CV, cobrindo a parte central do lintel. As «colunas tecidas» (adossadas) seriam duas colunas (ou pilastras) esculpidas na parede, uma de cada lado da porta, suportando o entablamento desta, conforme se vê em antigas representações do templo.

A primeira abertura», que não tinha batentes, de 70 CV de altura por 25 CV de largura, teria um remate em arco ligeiramente alteado, preenchendo o espaço entre 55 CV e 70 CV, conforme sugerem a lógica da arte romana, as medidas fornecida por F. Josefo e as moedas que representam a fachada do templo, emitidas em 135 d. C. (60 anos após a destruição deste). Estas últimas moedas também apresentam 4 colunas (ou pilastras) na fachada do templo, 2 de cada lado de uma abertura em arco, e seria difícil imaginar a sua fachada de outra maneira, perante os dados aqui apresentados.


A vinha de ouro é situada, por F. Josefo, acima da porta e debaixo das arquitraves do interior do primeiro compartimento, aberto, o vestíbulo ou Ulam, o qual tinha 90 CV de altura, 50 CV de comprimento e de 20 CV de largura. Esta vinha talvez fosse em forma de arabescos, situados nas quatro paredes interiores desse primeiro compartimento, desde os 55 CV da porta para cima. A vinha de ouro teria, pois, 25 CV de altura (= 4/5 X 100 CV, das arquitraves para baixo, -55 CV da altura da porta). (Cf.: Mid 3, 8).

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