O Talmud faz
referências muito elogiosas às obras de Herodes, pelo que seria de esperar que
fizesse a descrição do templo herodiano: «Os nossos rabinos ensinaram: (…) Quem
não viu Jerusalém no seu esplendor, nunca viu uma cidade desejável na sua vida.
Quem não viu o templo na sua completa construção, nunca viu um edifício
glorioso na sua vida. Qual templo? - Abaye, ou, pode-se dizer, Rabi Hisda,
respondeu: A referência é à construção de Herodes.
De que é que ele o
construiu? - Respondeu Rabá: De mármore amarelo e branco. Há alguns que dizem:
De mármore amarelo, azul e branco. O edifício foi erguido em camadas, a fim de
proporcionar uma aplicação de estuque. Ele pretendia primeiramente cobri-lo de
ouro, mas os rabinos disseram-lhe: Deixa-o sozinho porque ele é mais bonito
conforme está, pois tem a aparência das ondas do mar.» (Mas. Sukkah 51b)
O
tratado Middot (medidas) da Mishnáh, escrito por volta do
final do séc. II, pretende descrever o templo, com extrapolações do Antigo
Testamento (sobretudo do «templo futuro» de Ezequiel) e com elementos passados
de boca em boca ao longo de cerca de um ou dois séculos. Contradiz
espantosamente a descrição de F. Josefo, sobretudo nas medidas, e é inverosímil
nos elementos que ele não refere. Só concorda vagamente com ele no aspeto
geral.
A respeito das contradições
entre as duas descrições, temos a dizer o seguinte:
a) Uma descrição de um
edifício tão complexo como o templo de Jerusalém, baseada em tradições passadas
de boca em boca durante um ou dois séculos, não tem nenhum valor histórico, por
melhor memória e capacidade de observação que as pessoas tenham. (Ex.: Muito
dificilmente alguém se lembra de contar e memorizar mesmo o número de degraus
das escadas ou – o que ainda é menos provável – as medidas dos mesmos! E muito
menos provável é que todos esses números se mantenham intactos, passando de
boca em boca, durante um ou dois séculos!!)
b) É completamente
impossível conciliar a descrição da Mishnáh com a de F. Josefo,
apesar de a Mishnáh referir alguns elementos do templo de Herodes
(Ex.: a altura e a largura da fachada do templo, a existência de um átrio das
mulheres, os 15 degraus para o átrio dos Israelitas, etc.).
c) O que resta
atualmente da esplanada do templo herodiano não condiz com a descrição
da Mishnáh, mas aproxima-se da descrição de F. Josefo.
d) O
tratado Middot não faz nenhuma referência às obras de Herodes. Em vez
disso, diz que Jeconias saiu por uma das portas, a caminho do exílio; diz que
os exilados aumentaram o altar, depois de regressarem, e que cavaram uma
cisterna num dos compartimentos do templo; faz referência aos estragos
provocados pelos reis da Grécia, incluindo a profanação do altar; e diz que os
Asmoneus colocaram num compartimento as pedras do altar profanado. Ora, todas
estas pessoas viveram muito antes de Herodes (1Mc 1; 4, 36-61; 2Mc 10,
1-8).
e) A descrição do
templo que é feita pelo tratado Middot combina mais com as descrições
apresentadas no Antigo Testamento e com a descrição do templo pré-herodiano, do
que com a descrição do templo herodiano, feita por F. Josefo. Também não
combina com os dados do Novo Testamento, nas atribuições das salas que
circundavam o períbolo interior.
f) A fachada do templo
descrito pelo tratado Middot não condiz, nas dimensões e na forma das
portas, com a que se pode ver numa moeda da 2.ª Revolta, de 135 d. C.
g) Alguns dados do
tratado Middot contradizem, simultaneamente, F. Josefo e o Antigo
Testamento (Ex.: a largura interior do vestíbulo, a largura e a altura da parte
de trás do templo, etc.).
h) O
tratado Middot, por vezes, contradiz-se a si próprio. (Ex.: o número
de portas do períbolo interior, o número e a medida dos degraus do vestíbulo,
as medidas das celas que cercavam a parte de trás do templo, etc.) A estas
contradições, acrescentam-se o desconhecimento e a insegurança mostrados nas
citações de alguns rabis.
i) O
tratado Middot diz, algumas vezes: «conforme foi
dito» e «porque foi dito», a que se segue uma citação do Antigo
Testamento, que não serve de prova histórica para o que pretende demonstrar.
Isto mostra que, mais do que uma compilação de tradições autênticas, é uma
tentativa de tornar real, em alguma época, o que é dito no Antigo Testamento. É
uma idealização do que não existe, mas que se desejaria que existisse. Muito do
que dizem os Evangelhos Apócrifos, certas tradições cristãs e as seitas
tem, também, esta mesma origem: se a «toda a Escritura é divinamente inspirada» (II
Tim 3, 16), tudo o que ela diz teria de se realizar em alguma época, segundo a
interpretação que lhe dessem!
Perante tudo isto, só nos
resta concluir que a Mishnáh tenta, lendariamente, descrever o
templo anterior a Herodes, o que não é de estranhar, porque Herodes era mal
visto pelos Judeus. Se assim é, mais lendária é a sua descrição, por ter sido
redigida mais de duzentos anos depois. É, portanto, evidente que
a Mishnáh não descreve o templo de Jerusalém do tempo de Jesus.
A descrição que F. Josefo faz
do templo herodiano é, pois, a única que, efetivamente, possuímos, e que tem a
vantagem de ser feita por uma testemunha ocular.
TEXTO DO TRATADO MIDDOT
I
1. Os sacerdotes
mantinham a guarda no templo em 3 lugares: na Casa de Avtinas, na Casa de Nitsuts (centelha),
e na Bet Moked (casa da lareira); e os levitas em 21 lugares: 5 nas 5
portas do Monte do templo, 4 nos seus 4 ângulos de dentro, 5 nas 5 portas do
átrio, 4 nos 4 ângulos de fora, e 1 na Câmara da Oferenda, e 1 na Câmara do
Véu, e 1 atrás do lugar da Misericórdia.
2. O Oficial do Monte
do Templo fazia a ronda a cada guarda, com tochas acesas diante dele. E se
algum guarda não se levantasse [à sua aproximação] e lhe dissesse: «A paz
esteja contigo!», o supervisor do templo, era evidente que [o guarda] estava a
dormir; e batia-lhe com o seu bastão (1) e também tinha liberdade
para queimar as roupas dele. E os outros diziam: «Que barulho é este no átrio?»
«É o grito de um levita a ser espancado e cujas roupas estão a ser queimadas,
porque estava a dormir no seu posto». Rabi Eliezer, filho de Jacob, disse: «Uma
ocasião, encontraram o irmão da minha mãe a dormir e queimaram as roupas dele».
1) Var.: Se algum observador
não se levantasse... o oficial dir-lhe-ia: «A paz seja contigo»; e se era
evidente que ele estava a dormir, bater-lhe-ia.
3. Havia 5 portas para
o Monte do Templo: as 2 portas de Huldah a sul, que serviam para a entrada e
para a saída; a porta de Kipponos a ocidente, que servia para a entrada e para
a saída; (1) a porta de Tadi a norte, que não servia para nada [para
o público]; e a porta oriental, sobre a qual havia uma representação do palácio
de Susa, (2) e pela qual o sumo sacerdote que sacrificava a vitela
vermelha e todos os que com ele assistiam saíam em direção ao Monte das Oliveiras.
1) Isto podia ser
verdadeiro, falando do períbolo anterior à remodelação de Herodes. A esplanada
do templo herodiano, tal como F. Josefo a descreve e tal como ela existe, tem 5
portas a sul (2 + 3) e 4 a ocidente.
2) Esta representação do
palácio de Susa só tem lógica no templo de Zorobabel.
Atualmente, a porta oriental
é dupla (são 2 portas) e dela restam duas pedras herodianas situadas a 8,5 m
uma da outra, o que permite concluir que também era dupla no templo herodiano.
4. Havia 3 [ou 7?]
portas no átrio [interior]: 3 a norte, 3 a sul e 1 a oriente. (1) No
sul estava primeiramente a Porta da Lenha; em seguida, a Porta dos Primogénitos
[ou da Oferenda?]; depois, a Porta da Água. A oriente, estava a Porta de
Nicanor, que tinha 2 câmaras ligadas, 1 à sua direita e 1 à sua esquerda: uma a
câmara de Fineias, o guarda das vestes, e outra, a câmara dos que faziam os
bolos de farinha de trigo.
1) Mas em Mid II,
6 (infra), são nomeadas 4 portas a sul, 4 a norte, 3 a oriente e 2 a
ocidente, num total de 13 portas! Segundo F. Josefo, o períbolo interior do
templo herodiano tinha 4 portas a norte, 4 a sul e 2 a oriente (uma em frente à
outra), e não tinha portas a ocidente; e o períbolo anterior tinha «portas
duplas.
2) Para a oferenda diária do
sumo sacerdote.
5. No norte estava a
Porta de Nitsuts (centelha), que era na forma de uma
êxedra. (1) Tinha uma câmara alta construída no seu topo; e os
sacerdotes mantinham a guarda em cima e os levitas em baixo, e tinha uma porta
abrindo para o Khel (o patamar de entrada). A seguir a ela, era a Porta da
Oferenda; e a seguir era a Beth Moked (casa da lareira).
1) Esta é a única êxedra de
que fala este tratado. No entanto, no templo de Herodes, todos os portais do
átrio interior tinham êxedras.
6. E havia 4 câmaras
laterais na Beth Moked, como alcovas abrindo para uma sala: 2 em solo
sagrado e 2 em [solo] não sagrado, e «cabeças» de pedras separando entre o
[solo] sagrado e o profano. E para que é que serviam? A do sudoeste era a
câmara da oferenda; a do sudeste era a câmara dos pães da proposição; a do
nordeste, onde os Asmoneus depositaram as pedras do altar que os reis da Grécia
tinham profanado; através da do noroeste, desciam para o balneário.
1) 1Mc 4, 36-61; 2Mc
10, 1-8.
7. A Beth
Moked tinha 2 portas, uma abrindo para o Khel e a outra para o
átrio. Rabi Judá diz: «A [porta] que abria para o átrio tinha um postigo, por
onde se entrava para explorar o átrio.
8. A Beth Moked era
abobadada [arredondada?]. (1) Era um grande compartimento cercado de
pavimentos de pedra. Os mais velhos da casa dos seus pais dormiam lá, tendo com
eles as chaves do átrio; enquanto as «flores» do sacerdócio dormiam cada uma
com a sua roupa [var.: almofada] no chão.
1) As êxedras costumavam ser
arredondadas, mas esta descrição não coincide em nada com a que F. Josefo faz
das êxedras do templo herodiano. Em vez disso, assemelha-se mais aos planos dos
pórticos do templo futuro de Ezequiel (Ez 40), porém o número de
compartimentos laterais não coincide.
9. E havia lá um lugar
de 1 côvado de lado, onde estava uma laje de mármore. Nesta, estavam fixadas
uma argola e a corrente onde as chaves eram dependuradas. Quando chegava o
tempo de fechar [as portas], o sacerdote levantava a laje através da argola e
tomava as chaves da corrente. Então o sacerdote fechava por dentro e o levita
dormia fora. Quando acabava de fechar [as portas], repunha as chaves na
corrente e a laje no seu lugar; e colocava a sua almofada em cima e dormia lá.
Se acontecesse alguma ejaculação de sémen a algum deles, ele sairia pela escada
redonda que ia por baixo da Birah (fortaleza), (1) e onde havia
luzes ardendo de cada lado, até chegar ao balneário. Rabi Eliezer, filho de
Jacob, diz: «Descia pela escada redonda que passava por baixo do Khel e
saía através da porta Tadi».
1) «Birah» ou «Báris» era a
fortaleza situada a noroeste do templo, à qual Herodes pôs o nome de Antónia (AJ
XV, 11 eYoma 2a). A Mishnáh segue a nomenclatura anterior a Herodes.
II
1. O [períbolo exterior
do] Monte do Templo tinha 500 côvados por 500
[côvados]. (1) A maior parte dele era a sul; em seguida a do leste;
depois a do norte; e a parte mais estreita a oeste. A parte que era mais
extensa era também a mais utilizada.
1) Ez 42, 15-20. É
mais que evidente que se trata do períbolo anterior à remodelação de Herodes,
porque não corresponde minimamente às dimensões da esplanada do templo, tal
como ela existe.
2) Mas F. Josefo situa o
templo herodiano no centro do períbolo!
2. Todos os que
entrassem no Monte do Templo entravam pela direita, viravam e voltavam pela
esquerda, exceto aquele a quem tivesse acontecido alguma coisa nociva, o qual
entrava e voltava pela esquerda. «Porque voltas à esquerda?» «Porque estou enlutado».
«Aquele que habita nesta casa te conforte!» «Porque estou excomungado». «Aquele
que habita nesta casa lhes inspire amizade contigo novamente!» Por isso, Rabi
Meir... Rabi José disse-lhe: «Fazes isso... parece que o trataram injustamente.
Então, que devem dizer? 'Aquele que habita nesta casa te inspire ouvir as
palavras dos teus companheiros, para que façam amizade contigo novamente'.
3. Dentro dele, ficava
o Soreg (a barreira da separação legal), com 10 mãos de
altura. (1) E nele havia 13 brechas, que tinham sido feitas
inicialmente pelos reis da Grécia. (2) E quando as repararam,
decretaram que 13 prostrações fossem feitas em direção a elas [em recordação].
Dentro, estava o Khel
(o patamar de entrada), com 10 côvados [de largura]; e havia lá 12 degraus. (3) A
altura de cada degrau era de 0,5 côvado e e largura era de 0,5 côvado. No
templo, todos os degraus tinham 0,5 côvado de altura e 0,5 côvado de largura,
exceto os do pórtico (o vestíbulo do templo).
No templo, todos os portais
tinham 20 côvados de altura e 10 côvados de largura, exceto o do
pórtico. Lá, todos os portais tinham batentes, exceto o do pórtico. Lá, todas
as portas tinham lintéis, exceto a de Tadi, que tinha 2 pedras inclinadas uma
para a outra. Todas as portas originais foram mudadas para portas de ouro,
exceto a Porta de Nicanor, porque nela houve um milagre; alguns dizem, porém,
que era porque o bronze brilhava [como ouro].
1) 10 mãos equivalem a pouco
mais que 1,6 CV. Todavia F. Josefo diz que a barreira de separação media 3 CV
de altura, e que sobre ela se erguiam avisos, a intervalos regulares.
2) Cf.: 1Mc 9, 54-56.
3) Mas F. Josefo diz que
eram 14 degraus até ao patamar e 5 no patamar para as portas. Resta saber
quantos eram os degraus, antes da remodelação herodiana.
4) Cf.: Ez 40, 11; 41,
2. F. Josefo só refere as medidas dos portais do períbolo interior e do
templo propriamente dito e nenhuma delas coincide com estas.
5) O
tratado Middot situa a Porta de Nicanor a oriente e não refere
nenhuma porta entre o átrio das mulheres e o átrio dos Israelitas. F. Josefo
diz que, no templo herodiano, entre o átrio das mulheres e o átrio dos homens,
se situava um portal de bronze de Corinto, acessível por 15 degraus baixos; mas
este portal não corresponde à Porta de Nicanor nas medidas nem na descrição.
4. Todas as muralhas do
templo eram altas, exceto a muralha oriental, de modo que o [sumo] sacerdote
que sacrificava a vitela vermelha, (1) estando de pé no cimo do Monte
das Oliveiras, olhasse claramente com o seu próprio olhar a porta do templo, no
momento de aspergir o sangue.
1) Cf.: Núm 19,
1-10. Esta descrição é inconciliável com a descrição que F. Josefo faz do
templo herodiano.
5. O átrio das mulheres
tinha 135 côvados de comprimento por 135 côvados de largura. Tinha 4 compartimentos
nas suas 4 extremidades, cada um de 40 côvados. Não eram cobertos, e serão no
tempo vindouro como é dito: «E conduziu-me para fora, para o átrio
exterior, e fez-me passar junto às 4 extremidades do átrio e eis que havia aí
outro átrio em cada canto do átrio. Nas 4 extremidades do átrio havia átrios
fumegantes». (1) E «fumegantes» significa apenas que não eram cobertos. E
para que é que serviam? O do sudeste era a Câmara dos Nazireus, onde os
Nazireus cozinhavam as suas oferendas de paz, e cortavam o seu cabelo e
atiravam-no para debaixo do recipiente. (2) O do nordeste era a
Câmara da Lenha, onde os sacerdotes com um defeito físico faziam a escolha da
lenha que tinha vermes, sendo cada pau com um verme impróprio para uso no
altar. O do noroeste era a Câmara dos Leprosos. Do do sudoeste, Rabi Eliezer,
filho de Jacob, disse: «Esqueci-me de para que é que isso servia». Abba Saul
diz: «Lá, guardava-se o vinho e o azeite e era chamada a Câmara da Casa de
Shamanyah (do azeite)». E [o átrio das mulheres] era, inicialmente,
nivelado, mas depois cercaram-no com uma galeria, (3) para que as
mulheres olhassem de cima enquanto os homens estavam em baixo, e não se devem
misturar.
E 15 degraus subiam daí [do
átrio das mulheres] para o átrio de Israel, correspondendo aos 15
[cânticos das] subidas, mencionados no livro dos Salmos. (4) Os
levitas cantavam os Salmos sobre eles. [Os degraus] não eram retangulares, mas
arredondados, como metade de uma eira.
1) Interpretação deturpada
de Ez 46, 21-24, que, referindo-se ao templo futuro (que nunca foi
construído), situa 4 átrios de 40 CV por 30 CV nos ângulos do átrio exterior.
Note-se, ainda, que aqui não é localizada com precisão a localização desses
pequenos átrios, nem se esclarece se os 40 CV eram de comprimento e de largura
ou só de comprimento. Estes 4 átrios não são referidos por F. Josefo.
No templo herodiano, em
torno do átrio das mulheres, situavam-se salas do Tesouro (Mc 12, 41-44;
Lc 21, 1-4). É fácil admitir que o átrio das mulheres medisse cerca de 135
CV de largura, com 4 salas do Tesouro (2 a norte e 2 a sul) de cerca de 40 CV
de comprimento cada uma. As restantes medidas seriam extrapoladas. O
comprimento do átrio das mulheres, no sentido norte — sul, seria de 200 CV (2
vezes os 100 CV do átrio anterior).
2) Cf.: Núm 6, 1- 21.
3)
A Mishnáh mistura elementos de épocas diferentes. O átrio interior do
templo anterior a Herodes media 100 CV de largura. O átrio do templo de Herodes
tinha colunatas e media o dobro do anterior, ou seja 200 CV de
largura. (Ez 40, 47; 41, 13-14; C. Ap. 1, 198).
Cf.: Havia lá castiçais de
ouro com 4 taças de ouro no topo de cada um deles e quatro escadas para cada
um. (Sukkah 51a). O Tanna ensinou que a altura de um castiçal era de
cinquenta côvados. (Sukkah 52b).
4) Sl 120 (119)-134 (133). No
templo herodiano, havia a Porta Coríntia e um muro, entre o átrio das mulheres
e o átrio dos homens. O tratado Middot não situa nenhuma porta nem
nenhum muro entre esses dois átrios.
6. E havia aí
compartimentos por baixo do átrio de Israel, que estavam abertos sobre o átrio
das mulheres, onde os levitas colocavam as suas liras, saltérios, címbalos e
todos os tipos de instrumentos musicais.
O átrio de Israel tinha 135
côvados de comprimento por 11 de largura. Igualmente, o átrio dos sacerdotes
tinha 135 côvados por 11 de largura; e «cabeças» de pedras dividiam entre o
átrio de Israel e o átrio dos sacerdotes. Rabi Eliezer, filho de Jacob, diz:
«Havia um degrau de 1 côvado de altura, sobre o qual era colocado o Dukhan
(a plataforma), e isto tinha 3 degraus de 0,5 côvado cada um. E assim, o
átrio dos sacerdotes foi feito 2, 5 côvados mais alto que o de Israel». O pátio
todo tinha 187 côvados de comprimento por 135 de largura, e 13 prostrações eram
feitas lá. Abba José, filho de Canan, diz: «Eram feitas em direção às 13
portas.
A sul, para ocidente,
ficavam a Porta Superior; a Porta da Cremação; a Porta dos Primogénitos; e a
Porta da Água. E porque era chamada a Porta da Água? Porque através dela
traziam o cântaro da água para a libação da Festa dos Tabernáculos. Rabi
Eliezer, filho de Jacob, diz: «Nela, as águas brotaram; e no tempo vindouro,
sairão debaixo do limiar do templo. Correspondendo a estas, a
norte, para ocidente, ficavam a Porta de Jeconias; a Porta da Oferenda; a Porta
das Mulheres; e a Porta do Cântico. E porque era chamada Porta de Jeconias?
Porque por ela Jeconias foi para o cativeiro. A leste era a Porta
de Nicanor, e tinha 2 pequenas portas, 1 à sua direita e 1 à sua
esquerda. E havia lá outras 2 portas a ocidente, que não tinham
nome.
1) 13 portas: 4 portas a
sul, 4 a norte, 3 a oriente e 2 a ocidente. Mas em Mid I, 4 (supra),
diz-se que «havia 7 portas no átrio: 3 a norte, 3 a sul e 1 a
oriente»!
2) Ez 47, 1-2.
3) 2Rs 24, 8-16; 25,
27-30; 2Cr 36, 9-10; Jr 52 28-34. Jeconias (=Joiaquin), rei de Judá, é da época
da destruição do templo de Salomão!
4) A localização de
«compartimentos por baixo do átrio de Israel, que estavam abertos sobre o átrio
das mulheres», exclui a localização dos 2 compartimentos laterais da Porta de
Nicanor entre esses átrios. Portanto, o tratado Middoth situa a Porta
de Nicanor a leste do átrio das mulheres.
5) Mas F. Josefo diz que o
átrio não tinha portas a ocidente.
III
1. O altar tinha 32
côvados por 32. Elevava-se 1 côvado e retraía-se 1 côvado e isto formava a
fundação, deixando 30 côvados por 30. Depois, elevava-se 5 côvados e
contraía-se 1 côvado e isto formava o circuito, deixando 28 côvados por 28. Os
chifres tinham 1 côvado em cada direção, deixando, assim, 26 por 26. Um côvado
em cada lado era deixado para a passagem dos sacerdotes, deixando, então, 24
por 24 como lugar da pilha de madeira [do fogo do altar]. Rabi José disse: «No
início, a área completa [do altar] era só de 28 côvados por 28; e erguia-se com
as dimensões referidas até o espaço para a pilha do altar ser apenas de 20 por
20. (1) Mas quando subiram os filhos do cativeiro, aumentaram 4
côvados a norte [ou a sul?] e 4 a oeste, como um gama, porque foi
dito: 'E a lareira terá 12 côvados de comprimento por 12 de largura, sendo
quadrada'. Devo supor que fossem só 12 côvados por 12? Quando se diz
«nos 4 lados», mostra que estava medindo, desde o meio, 12 côvados em cada
direção». E uma linha de tinta vermelha cercava-o no meio, para separar entre o
sangue aspergido em cima e em baixo. E a fundação corria todo o comprimento dos
lados norte e oeste, mas deixava 1 côvado consumido a sul e 1 a leste.
1) 2Cr 4, 1.
2) Cf.: Ez 43, 13- 27.
3) Toda esta descrição é
fantasista, notando-se nela a clara intenção de tornar real, em alguma época, o
altar do templo futuro de Ezequiel, com o comprimento e a largura
duplicados. O altar salomónico e o altar pós-exílico mediam 20 CV de
comprimento e de largura e 10 CV de altura (2Cr 4,1). O altar
herodiano media 50 CV de comprimento e de largura e 15 CV de altura.
2. No ângulo sudoeste
[do altar] havia 2 aberturas, como pequenas narinas, através das quais o sangue
derramado no lado ocidental da fundação e no lado sul descia em duas correntes,
misturando-se no canal, por onde corria para fora, para a torrente do Cédron.
3. No pavimento, abaixo
daquela esquina, havia um lugar de 1 côvado de lado, no qual havia uma placa de
mármore com uma argola fixada nela, e era por onde se descia ao esgoto, para o
limpar.
E havia lá uma rampa a sul
do altar, com 32 côvados [de comprimento] por 16 de largura. Tinha uma cova no
seu lado ocidental, onde oram postas as ofertas pelo pecado de aves que eram
rejeitadas.
4. Tanto as pedras da
rampa como as do altar foram tomadas do vale de Beth Kherem. E escavaram-nas
debaixo do solo virgem, e transportaram de lá todas as pedras, sobre as quais o
ferro não fora erguido, porque o ferro desqualifica por mero contacto, apesar
de um arranhão feito por qualquer coisa poder desqualificar. Se uma delas fosse
beliscada, seria desqualificada, mas o resto não era. Eram branqueadas 2 vezes
por ano: uma pela Páscoa e outra pela Festa dos Tabernáculos; e o templo só era
branqueado uma vez por ano, pela Páscoa. Rabi [Judá] diz: «Branqueavam-nas cada
sexta-feira com um pano, por causa das manchas de sangue». O estuque não foi
posto com pá de trolha de ferro, para que não fosse tocado e desqualificado –
porque o ferro foi criado para encurtar os dias do homem, e o altar foi criado
para alongar os dias do homem; e não está certo, pois, que o que encurta deva
ser erguido contra o que alonga.
1) Ex 20, 25; Dt 27, 1-7.
5. E havia argolas a
norte do altar: 6 fileiras, cada uma de 4; ou, de acordo com alguns, 4
fileiras, cada uma de 6; nas quais se abatiam os animais sacrificiais. Os
matadouros eram a norte do altar. E havia lá 8 pequenas colunas, nas quais
havia placas de cedro. Neles foram fixados ganchos de ferro, 3 filas em cada
uma delas, sobre as quais se dependurava as carcaças e esfolava [as vítimas],
sobre mesas de mármore entre as colunas.
6. E o lavatório ficava
entre o pórtico (o vestíbulo) e o altar, (1) um pouco a
sul.
O espaço entre o pórtico e o
altar era de 22 côvados. E havia lá 12 degraus, cada um de 0,5 côvado de
altura, e 1 côvado de largura. Era 1 côvado, 1 côvado, e a largura de 3
côvados; depois 1 côvado, 1 côvado, e a largura de 3 côvados; depois, no cimo,
1 côvado, 1 côvado, e a largura de 4 côvados. (2) Rabi Judá diz que o
cimo era de 1 côvado, 1 côvado e uma largura de 5 côvados.
1) Cf.: Ex 30, 17-21;
38, 8.
2) Texto corrompido, pois
faltam degraus. A hipótese mais lógica é: 1+1+1+3+1+1+1+3+1+1+1+4 (ou 5), num
total de 19 (ou 20) CV de comprimento. Outra hipótese, menos plausível:
1+1+3+1+1+3+1+1+3+1+1+4 (ou 5), num total de 21 (ou 22) CV de comprimento.
3) Este degrau de 5 CV
poderia ser o próprio limiar do pórtico, de 5 CV de largura (Infra IV, 7).
Nesse caso, o comprimento dos degraus reduz-se para 15 CV (ou 17 CV, na segunda
hipótese).
7. A entrada [sem
batentes] do pórtico tinha 40 côvados de altura e a sua largura era de 20
côvados. Sobre ela, havia 5 grandes vigas de cedro. A inferior sobressaía 1
côvado de cada lado além da entrada. A superior sobressaía 1 côvado de cada
lado além desta. Assim, a mais alta tinha 30 côvados de comprimento, e havia
uma camada de pedras entre cada uma delas.
1) Esta descrição não
combina com a de F. Josefo nem com a representação da fachada do templo duma
moeda da Segunda Revolta (135 d. C.). Resta saber se corresponde ao templo
anterior à remodelação de Herodes. Cf.: Ez 41, 25b.
8. E havia suportes
cruzados de pedra [var.: de cedro] estendendo-se da parede do templo até à
parede do pórtico, para evitar que fizessem bojo. Havia lá correntes de ouro
fixadas nas vigas do teto do pórtico, pelas quais as «flores» do sacerdócio
subiam e viam as coroas, (1) conforme se diz: «E as coroas serão
para Helem, e para Tobias, e para Jedaías, e para Hen, filho de Sofonias, como
um memorial no templo do Senhor.
Uma vinha de ouro estava à
porta do templo, formada em vigas. E cada um que oferecia uma folha, um bago ou
um cacho trazia-os e dependurava-os lá. Rabi Eliezer, filho de Rabi Zadok,
disse: «Uma ocasião, foram encarregados 300 sacerdotes.
1) Cf.: 1Mc 4, 57.
2) Zc 6, 14.
3) Para remover ou para
limpar.
IV
1. A entrada do templo tinha
20 côvados de altura e 10 de largura. E tinha 4 batentes: 2 no lado interno e 2
no exterior, conforme é dito: «E o templo e o santuário tinha 2
batentes». Os batentes exteriores abriam para o interior da entrada, para
cobrir a espessura da parede, e os batentes interiores abriam para dentro do
templo, para cobrir o espaço atrás das portas, porque todo o templo era
revestido de ouro, exceto atrás dos batentes. Rabi Judá diz: «Os batentes
estavam dentro da entrada, e eram como portas dobráveis: uma metade cobria 2,5
côvados e a outra metade cobria 2,5 côvados, deixando 0,5 côvado e a ombreira
de um lado e 0,5 côvados e a ombreira do outro lado, conforme se diz: 'E
os batentes tinham 2 painéis, 2 painéis rolantes, 2 painéis para uma porta e 2
painéis para a outra'.
1) Ez 41,
23-24; Cf.: 1Rs 6, 34. Note-se que o «templo futuro» de Ezequiel
nunca foi construído!
2. E a grande porta
tinha 2 pequenas portas, uma a norte e outra a sul. A do sul, nunca algum homem
passara por ela; e em relação a essa regra foi claramente estabelecido pela
boca de Ezequiel, conforme diz: «E o Senhor disse-me: esta porta será
fechada e não se abrirá, e nenhum homem entrará por ela, porque o Senhor, o
Deus de Israel, entrou por ela; por isso, ficará fechada». (1) [O
sacerdote] tomou a chave e abriu a pequena porta [a norte], e entrou na pequena
câmara, e da pequena câmara para o templo. Rabi Judá diz: «Ele caminhava ao
longo da espessura da parede, até se encontrar entre as 2 portas e abria as
portas exteriores por dentro, e a interiores por fora.
1) Mas Ez 44,
1-3 refere-se ao pórtico exterior e não à entrada do templo propriamente
dito!
3. E existiam lá 38
pequenas câmaras: 15 a norte, 15 a sul, e 8 a ocidente. A norte e a sul, havia
5 por cima de 5, e 5 no cimo delas; e a ocidente, havia 3 por cima de 3, e 2
por cima delas. Cada uma tinha 3 aberturas: uma para a pequena câmara da
direita e uma para a pequena câmara da esquerda e uma para a pequena câmara de
cima. E no ângulo nordeste havia 5 aberturas: uma para a pequena câmara da
direita e uma para a pequena câmara de cima e outra para a escada redonda e
outra para a pequena porta e outra para o templo. (1)
1) Mas F. Josefo e o Antigo
Testamento (Ez 41, 5-11) falam em 30 câmaras por cada um dos 3
andares, o que dá um total de 90 câmaras.
4. E a pequena câmara
inferior tinha 5 côvados de largura, com uma cobertura de 6 côvados; a pequena
câmara intermédia tinha 6 côvados de largura, com uma cobertura de 7; e a
pequena câmara superior tinha 7 côvados de largura; conforme é dito: «O andar
inferior da estrutura lateral tinha 5 côvados de largura, e o intermédio tinha
6 côvados de largura, e o terceiro 7 côvados de largura.
1) 1Rs 6, 6. Mas
em Mid 4, 7, (infra) só se atribuem 6 CV às celas e é impossível combinar
as 2 versões!
5. E uma escada redonda
subia desde o ângulo nordeste para o ângulo noroeste, pela qual se subia ao
tetos das câmaras. Quem subisse a escada redonda com a face para o ocidente,
atravessava todo o lado norte, até chegar ao ocidente. Quando chegava ao
ocidente, virava a face para o sul. Então, atravessava o lado ocidental, até
chegar ao sul. Chegava ao sul, virava a face em direção ao leste. Então,
atravessava o lado sul, até chegar à porta para a câmara superior, com a porta
da câmara superior aberta para sul. Na entrada da câmara superior, havia 2
colunas de cedro, pelas quais se subia até cima do teto da câmara superior, e
no cimo desta havia «cabeças» de pedras, mostrando a divisão, na câmara
superior, entre a parte do Santo e a do Santo dos Santos. Havia alçapões na
câmara superior, abrindo sobre o Santo dos Santos, por onde se fazia descer os
operários em caixas, para evitar que regalassem os olhos com o Santo dos
Santos.
6. E o templo tinha 100
côvados por 100, com uma altura de 100. (1) A base era de 6 côvados; (2) então
ele elevava-se 40; (3)então, 1 côvado para a ornamentação; 2 côvados para
as goteiras; 1 côvado para a cobertura; e 1 côvado para o reboco. E a altura da
câmara superior era de 40 côvados; havia 1 côvado para a sua ornamentação; 2
côvados para as goteiras; 1 côvado para a cobertura; 1 côvado para o reboco; 3
côvados para a balaustrada; e 1 côvado para a proteção contra corvos. Rabi Judá
diz: «A proteção contra corvos não foi incluída na medida, sendo a balaustrada
de 4 côvados.
1) Ez 41, 13-15. A
altura e a largura de 100 CV só se aplicam ao templo herodiano, mas os dados
aqui fornecidos contradizem gravemente F. Josefo e o Antigo Testamento. Segundo
a Mishnáh, o primeiro e o segundo pisos do templo mediriam 45 CV de
altura [= 40+(1+2+1+1)] cada um, ao que é preciso juntar a base, a balaustrada
e a proteção contra corvos, para atingir os 100 CV de altura (= 6+45+45+4). No
entanto, segundo F. Josefo, o piso inferior do templo media 60 CV de altura, o
piso superior media 40 CV de altura e a base não pode ser incluída nesses 100
CV de altura. Note-se que o Antigo Testamento diz que, depois do exílio, o
templo media 60 CV de altura e de largura. (Esd 6, 3).
2) Ez 41, 8.
3) Como
a Mishnáh atribui 40 CV à altura interior do templo, diz que os véus
mediam 40 CV por 20 CV: «Raban Simeão, o filho de Gamaliel diz, em nome do Rabi
Simeão, o filho do chefe [dos sacerdotes]: O véu era de uma mão de largura em
espessura e era tecido em 74 cordas, cada corda composta de 22 segmentos. Era
de 40 côvados de comprimento e 20 côvados de largura, e era composto de 82
vezes 10 000. Eram feitos 2 véus cada ano, e 300 sacerdotes eram necessários
para mergulhá-lo.» (Shekalim 8, 5).
7. Desde o leste até ao
oeste eram 100 côvados: a parede do pórtico, 5 côvados; o próprio pórtico,
11; (1) a parede do templo, 6 côvados; e o seu interior, 40; 1 côvado
para a partição; (2) e 20 côvados para o Santo dos Santos; a parede
do templo, 6 côvados; a pequena câmara, 6 côvados; e a parede da pequena
câmara, 5. De norte a sul, tinha 70 côvados: (3) a parede da escada
redonda, 5 côvados; a própria escada redonda, 3; (4) a parede da
pequena câmara, 5; e a própria pequena câmara, 6; a parede do templo, 6
côvados; e o seu interior, 20; a seguir, novamente a parede do templo, 6; e a
pequena câmara, 6; e a parede dela, 5; depois, o lugar da descida da água, 3
côvados; e a sua parede, 5 côvados. O pórtico sobressaía-lhe 15 côvados a norte
e 15 côvados a sul, (5) e este espaço era chamado Casa das Facas,
onde se guardavam as facas [dos matadouros sacrificiais]. Então o templo era
estreito atrás e largo à frente, como um leão, conforme é dito: «Ah,
Ariel, Ariel, a cidade onde David acampou!». (6) Tal como o leão é
estreito atrás e largo à frente, assim também o templo é estreito atrás e largo
à frente.
1) O pórtico do templo de
Salomão media 10 CV de largura e o pórtico do templo herodiano media 20 CV de
largura (o dobro). A descrição do templo futuro (que nunca foi construído!) é
que atribui 11 CV (hebraico) ou 12 CV (versão grega dos LXX) à largura do
pórtico (Ez 40, 49).
2) Esta partição seria um
espaço vazio entre 2 véus a 1 CV de distância um do outro. (Yoma
51b). O interior do templo teria, então, 61 CV de comprimento. Mas F.
Josefo e a Bíblia dizem que o interior do templo era de 60 CV de comprimento e
só referem 1 véu interior. (1Rs 6, 2; 2Cr 3, 3.14; Ex 26, 31-33; Mt 27,
51; etc.).
3) Estes 70 CV resultam,
evidentemente, da má interpretação de Ez 41, 12-15. O A.T. e F. Josefo
falam em 60 CV (Esd 6, 3).
4) Esta erradamente
designada «escada redonda» é estranha ao Antigo Testamento e a F. Josefo.
5) 20 CV de cada lado é que
estão corretos (100 - 20 - 20 = 60). A prova mais evidente da falta de
valor histórico desta descrição é não concordar com o A. T. nem com F. Josefo,
em dados elementares!
5) Is 29, 1.
V
1. O átrio todo tinha 187 côvados de
comprimento por 135 de largura. Do leste para oeste, tinha 187: o lugar do piso
dos pés dos Isrealitas tinha 11 côvados; o lugar do piso dos pés dos sacerdotes
tinha 11 côvados; o altar: 32; entre o pórtico e o altar, eram 22 côvados; o
templo: 100 côvados; e eram 11 côvados atrás do lugar da Misericórdia (o
Santo dos Santos).
2. De norte para sul,
eram 135 côvados: a rampa e o altar, 62; do altar até às argolas, eram 8
côvados; o lugar das argolas, 24 côvados; das argolas até às mesas, eram 4
côvados; das mesas até às colunas, 4; e das colunas até à muralha do átrio, 8
côvados; e o resto entre a rampa e a muralha, e o espaço ocupado pelas
colunas.
1) F. Josefo, citando
Hecateu de Abdera, referindo-se ao templo anterior a Herodes, fala de «um
períbolo de pedra com o comprimento de cerca de 5 plectros [=500 pés =333,
(3) CV] e a largura de 100 côvados». Ora, 176 CV do átrio dos
sacerdotes, 11 CV do átrio dos homens e 135 CV do átrio das mulheres, são 322
CV. Se a largura dos compartimentos que ladeavam a Porta de Nicanor fosse de 11
CV (?), obter-se-ia 333 CV, «cerca de 5 plectros». Resta admitir a existência
de galerias de colunas de 17, 5 CV de largura, a norte e a sul, para conciliar
os 135 CV da Mishnáh com a largura de 100 CV.
3. Havia 6 aposentos no
átrio: 3 a norte e 3 a sul. A norte, eram a Câmara do Sal, a
Câmara Parwah e a Câmara das Lavagens. Na Câmara do Sal, punham sal
para as oferendas. Na Câmara Parwah, salgavam as peles dos animais
oferecidos. No seu teto ficava o balneário usado pelo sumo sacerdote no Dia da
Expiação. Na Câmara das Lavagens, lavavam as entranhas dos animais
sacrificiais. (1) E daí, uma escada redonda subia para o teto da
Câmara Parwah.
1) Cf.: Ez 40, 38.
4. A sul, eram Câmara
da Lenha, a Câmara do Cativeiro e a Câmara das Pedras Talhadas. Acerca da
Câmara da Lenha, Rabi Eliezer, filho de Jacob, diz: «Esqueci-me de que é que
servia isso». Abba Shal diz: «A câmara do sumo sacerdote era atrás de 2 delas e
um teto cobria todas as 3. (1). Na Câmara do Cativeiro, havia uma
cisterna com uma roda por cima, e a partir daí a água era aprovisionada para
todo o átrio. Na Câmara das Pedras Talhadas, o grande Sinédrio de Israel estava
sediado (2) e julgava [entre outras coisas] os candidatos ao
sacerdócio. E um sacerdote no qual fosse encontrada uma desqualificação, era
posto de preto debaixo das roupas e envolvia-se de preto e tinha de ir embora.
Aquele em que não fora encontrada desqualificação, era posto de branco debaixo
das roupas e envolvia-se de branco e ia e servia com os seus irmãos sacerdotes.
E faziam-lhe uma festa, porque não haviam encontrado deficiência na
descendência do [sumo] sacerdote Aarão; e diziam assim: 'Bendito seja o
Omnipresente, bendito seja Ele, pois não foi encontrada deficiência na
descendência de Aarão! Bendito o que escolheu Aarão e os seus filhos, para
estarem ao serviço diante da face do Senhor no Santo dos Santos!'.
1) No templo de Herodes, as
salas do Tesouro situavam-se entre as êxedras das portas. Por isso, nunca
poderiam estar 3 debaixo do mesmo teto.
2) Cf.: Dt 17, 8-12.
Cf.: Rabi Shesheth disse:
«Donde eu mantenho a minha opinião? De tudo o que foi ensinado, a Câmara das
Pedras Talhadas foi [construída] no estilo de uma grande basílica. A contagem
teve lugar no lado leste, com o mais velho sentado no oeste, e os sacerdotes na
forma de uma figura em espiral. (…)» Abaye disse: «Pode-se inferir a partir
daqui que a Câmara das Pedras Talhadas estava [situada] metade em solo sagrado,
metade em solo não sagrado; que a Câmara tinha duas portas, uma abrindo no solo
sagrado, a outra abrindo no solo não sagrado.» (Yoma 25a)
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