sábado, 1 de fevereiro de 2014

ABOMINAÇÃO


Termo de desprezo para indicar uma estátua de um ídolo (Deuteronômio 7,25 Cântico dos Cânticos 12,23). Em Ezequiel indica as práticas idolátricas em geral. -17 Ezequiel 36,25-27). Jesus e os apóstolos estavam em conflito com as abluções dos judeus (Marcos 7,1-8). A palavra de Deus é que purifica (João 15,3) e o sangue de Cristo nos lava de toda a mancha (João 13,6-15 Hebreus 10,19-22 Apocalipse 7,14). Ver "Puro-Impuro".

ABLUÇÃO


A impureza legal do Antigo Testamento nada tem a ver com a impureza moral (Êxodo 19,10-14 Levítico 15,5-13 Deuteronômio 23,1-12 Ezequiel 44). Mas os profetas insistem mais na pureza de coração (Isaías 1,16-17 Ezequiel 36,25-27). Jesus e os apóstolos estavam em conflito com as abluções dos judeus (Marcos 7,1-8). A palavra de Deus é que purifica (João 15,3) e o sangue de Cristo nos lava de toda a mancha (João 13,6-15 Hebreus 10,19-22 Apocalipse 7,14). Ver "Puro-Impuro".

ABIRAM



Era membro da tribo de Rúben. Com seu irmão Datã e o apoio de Coré, revoltou-se contra a liderança de Moisés e os privilégios do sacerdócio de Aarão. Mas foram punidos por Deus e tragados pela terra (Números 16,1-40 Salmo 106,16-18). tornou-se modelo do mártir cristão (Hebreus 11,4 1João 3,12). Seu sangue lembra o sangue purificador do justo Jesus (Hebreus 12,24 Mateus 23,35).

ABEL



Segundo filho de Adão e Eva. Era pastor e de seu rebanho oferecia sacrifícios agradáveis a Deus. Seu irmão Caim, que era agricultor, construtor de cidades (Gênese 4,17) e pai da civilização (Gênese 4,22), o assassinou por inveja (Gênese 4,2-8). Por causa de sua fé e justiça Abel tornou-se modelo do mártir cristão (Hebreus 11,4 1João 3,12). Seu sangue lembra o sangue purificador do justo Jesus (Hebreus 12,24 Mateus 23,35).

AARÃO


Membro da tribo de Levi, irmão de Moisés e de Maria (Êxodo 4,14 Êxodo 15,20). Foi um notável colaborador de Moisés (Êxodo 17,8-15 Êxodo 24,1-11), seu porta-voz perante os israelitas e o Faraó (Êxodo 4,14-16 Êxodo 4,27-30 Êxodo 5,1-5). Foi pecador, por isso seu sacerdócio foi caduco (Êxodo 32,1-6 Êxodo 32,25-29; Números 12,1-13 Atos 7,39-41 Hebreus 7,11-14). A tradição sacerdotal vê nele o primeiro Sumo Sacerdote (Êxodo 29,1-30) e o antepassado da classe sacerdotal (Êxodo 28,1 Levítico 1,5). Dentro da tribo de Levi, Aarão e seus descendentes concentram em si o sacerdócio (Levítico 13-14 Números 18,1-28 Êxodo 30,19-20). No Novo Testamento o sacerdócio de Cristo é considerado mais perfeito que o de Aarão (Hebreus 7,11 Hebreus 7,23-27).

domingo, 26 de janeiro de 2014

O TEMPLO DA MISHNÁH

O Talmud faz referências muito elogiosas às obras de Herodes, pelo que seria de esperar que fizesse a descrição do templo herodiano: «Os nossos rabinos ensinaram: (…) Quem não viu Jerusalém no seu esplendor, nunca viu uma cidade desejável na sua vida. Quem não viu o templo na sua completa construção, nunca viu um edifício glorioso na sua vida. Qual templo? - Abaye, ou, pode-se dizer, Rabi Hisda, respondeu: A referência é à construção de Herodes. 

De que é que ele o construiu? - Respondeu Rabá: De mármore amarelo e branco. Há alguns que dizem: De mármore amarelo, azul e branco. O edifício foi erguido em camadas, a fim de proporcionar uma aplicação de estuque. Ele pretendia primeiramente cobri-lo de ouro, mas os rabinos disseram-lhe: Deixa-o sozinho porque ele é mais bonito conforme está, pois tem a aparência das ondas do mar.» (Mas. Sukkah 51b)

O tratado Middot (medidas) da Mishnáh, escrito por volta do final do séc. II, pretende descrever o templo, com extrapolações do Antigo Testamento (sobretudo do «templo futuro» de Ezequiel) e com elementos passados de boca em boca ao longo de cerca de um ou dois séculos. Contradiz espantosamente a descrição de F. Josefo, sobretudo nas medidas, e é inverosímil nos elementos que ele não refere. Só concorda vagamente com ele no aspeto geral.

A respeito das contradições entre as duas descrições, temos a dizer o seguinte:

a) Uma descrição de um edifício tão complexo como o templo de Jerusalém, baseada em tradições passadas de boca em boca durante um ou dois séculos, não tem nenhum valor histórico, por melhor memória e capacidade de observação que as pessoas tenham. (Ex.: Muito dificilmente alguém se lembra de contar e memorizar mesmo o número de degraus das escadas ou – o que ainda é menos provável – as medidas dos mesmos! E muito menos provável é que todos esses números se mantenham intactos, passando de boca em boca, durante um ou dois séculos!!)

b) É completamente impossível conciliar a descrição da Mishnáh com a de F. Josefo, apesar de a Mishnáh referir alguns elementos do templo de Herodes (Ex.: a altura e a largura da fachada do templo, a existência de um átrio das mulheres, os 15 degraus para o átrio dos Israelitas, etc.).

c) O que resta atualmente da esplanada do templo herodiano não condiz com a descrição da Mishnáh, mas aproxima-se da descrição de F. Josefo.

d) O tratado Middot não faz nenhuma referência às obras de Herodes. Em vez disso, diz que Jeconias saiu por uma das portas, a caminho do exílio; diz que os exilados aumentaram o altar, depois de regressarem, e que cavaram uma cisterna num dos compartimentos do templo; faz referência aos estragos provocados pelos reis da Grécia, incluindo a profanação do altar; e diz que os Asmoneus colocaram num compartimento as pedras do altar profanado. Ora, todas estas pessoas viveram muito antes de Herodes (1Mc 1; 4, 36-61; 2Mc 10, 1-8).

e) A descrição do templo que é feita pelo tratado Middot combina mais com as descrições apresentadas no Antigo Testamento e com a descrição do templo pré-herodiano, do que com a descrição do templo herodiano, feita por F. Josefo. Também não combina com os dados do Novo Testamento, nas atribuições das salas que circundavam o períbolo interior.

f) A fachada do templo descrito pelo tratado Middot não condiz, nas dimensões e na forma das portas, com a que se pode ver numa moeda da 2.ª Revolta, de 135 d. C.

g) Alguns dados do tratado Middot contradizem, simultaneamente, F. Josefo e o Antigo Testamento (Ex.: a largura interior do vestíbulo, a largura e a altura da parte de trás do templo, etc.).

h) O tratado Middot, por vezes, contradiz-se a si próprio. (Ex.: o número de portas do períbolo interior, o número e a medida dos degraus do vestíbulo, as medidas das celas que cercavam a parte de trás do templo, etc.) A estas contradições, acrescentam-se o desconhecimento e a insegurança mostrados nas citações de alguns rabis.

i) O tratado Middot diz, algumas vezes: «conforme foi dito» e «porque foi dito», a que se segue uma citação do Antigo Testamento, que não serve de prova histórica para o que pretende demonstrar. Isto mostra que, mais do que uma compilação de tradições autênticas, é uma tentativa de tornar real, em alguma época, o que é dito no Antigo Testamento. É uma idealização do que não existe, mas que se desejaria que existisse. Muito do que dizem os Evangelhos Apócrifos, certas tradições cristãs e as seitas tem, também, esta mesma origem: se a «toda a Escritura é divinamente inspirada» (II Tim 3, 16), tudo o que ela diz teria de se realizar em alguma época, segundo a interpretação que lhe dessem!

Perante tudo isto, só nos resta concluir que a Mishnáh tenta, lendariamente, descrever o templo anterior a Herodes, o que não é de estranhar, porque Herodes era mal visto pelos Judeus. Se assim é, mais lendária é a sua descrição, por ter sido redigida mais de duzentos anos depois. É, portanto, evidente que a Mishnáh não descreve o templo de Jerusalém do tempo de Jesus.

A descrição que F. Josefo faz do templo herodiano é, pois, a única que, efetivamente, possuímos, e que tem a vantagem de ser feita por uma testemunha ocular.


TEXTO DO TRATADO MIDDOT

I
1. Os sacerdotes mantinham a guarda no templo em 3 lugares: na Casa de Avtinas, na Casa de Nitsuts (centelha), e na Bet Moked (casa da lareira); e os levitas em 21 lugares: 5 nas 5 portas do Monte do templo, 4 nos seus 4 ângulos de dentro, 5 nas 5 portas do átrio, 4 nos 4 ângulos de fora, e 1 na Câmara da Oferenda, e 1 na Câmara do Véu, e 1 atrás do lugar da Misericórdia.

2. O Oficial do Monte do Templo fazia a ronda a cada guarda, com tochas acesas diante dele. E se algum guarda não se levantasse [à sua aproximação] e lhe dissesse: «A paz esteja contigo!», o supervisor do templo, era evidente que [o guarda] estava a dormir; e batia-lhe com o seu bastão (1) e também tinha liberdade para queimar as roupas dele. E os outros diziam: «Que barulho é este no átrio?» «É o grito de um levita a ser espancado e cujas roupas estão a ser queimadas, porque estava a dormir no seu posto». Rabi Eliezer, filho de Jacob, disse: «Uma ocasião, encontraram o irmão da minha mãe a dormir e queimaram as roupas dele».

1) Var.: Se algum observador não se levantasse... o oficial dir-lhe-ia: «A paz seja contigo»; e se era evidente que ele estava a dormir, bater-lhe-ia.

3. Havia 5 portas para o Monte do Templo: as 2 portas de Huldah a sul, que serviam para a entrada e para a saída; a porta de Kipponos a ocidente, que servia para a entrada e para a saída; (1) a porta de Tadi a norte, que não servia para nada [para o público]; e a porta oriental, sobre a qual havia uma representação do palácio de Susa, (2) e pela qual o sumo sacerdote que sacrificava a vitela vermelha e todos os que com ele assistiam saíam em direção ao Monte das Oliveiras.

1) Isto podia ser verdadeiro, falando do períbolo anterior à remodelação de Herodes. A esplanada do templo herodiano, tal como F. Josefo a descreve e tal como ela existe, tem 5 portas a sul (2 + 3) e 4 a ocidente.

2) Esta representação do palácio de Susa só tem lógica no templo de Zorobabel.

Atualmente, a porta oriental é dupla (são 2 portas) e dela restam duas pedras herodianas situadas a 8,5 m uma da outra, o que permite concluir que também era dupla no templo herodiano.

4. Havia 3 [ou 7?] portas no átrio [interior]: 3 a norte, 3 a sul e 1 a oriente. (1) No sul estava primeiramente a Porta da Lenha; em seguida, a Porta dos Primogénitos [ou da Oferenda?]; depois, a Porta da Água. A oriente, estava a Porta de Nicanor, que tinha 2 câmaras ligadas, 1 à sua direita e 1 à sua esquerda: uma a câmara de Fineias, o guarda das vestes, e outra, a câmara dos que faziam os bolos de farinha de trigo.

1) Mas em Mid II, 6 (infra), são nomeadas 4 portas a sul, 4 a norte, 3 a oriente e 2 a ocidente, num total de 13 portas! Segundo F. Josefo, o períbolo interior do templo herodiano tinha 4 portas a norte, 4 a sul e 2 a oriente (uma em frente à outra), e não tinha portas a ocidente; e o períbolo anterior tinha «portas duplas.

2) Para a oferenda diária do sumo sacerdote.

5. No norte estava a Porta de Nitsuts (centelha), que era na forma de uma êxedra. (1) Tinha uma câmara alta construída no seu topo; e os sacerdotes mantinham a guarda em cima e os levitas em baixo, e tinha uma porta abrindo para o Khel (o patamar de entrada). A seguir a ela, era a Porta da Oferenda; e a seguir era a Beth Moked (casa da lareira).

1) Esta é a única êxedra de que fala este tratado. No entanto, no templo de Herodes, todos os portais do átrio interior tinham êxedras.

6. E havia 4 câmaras laterais na Beth Moked, como alcovas abrindo para uma sala: 2 em solo sagrado e 2 em [solo] não sagrado, e «cabeças» de pedras separando entre o [solo] sagrado e o profano. E para que é que serviam? A do sudoeste era a câmara da oferenda; a do sudeste era a câmara dos pães da proposição; a do nordeste, onde os Asmoneus depositaram as pedras do altar que os reis da Grécia tinham profanado; através da do noroeste, desciam para o balneário.

1) 1Mc 4, 36-61; 2Mc 10, 1-8.

7. A Beth Moked tinha 2 portas, uma abrindo para o Khel e a outra para o átrio. Rabi Judá diz: «A [porta] que abria para o átrio tinha um postigo, por onde se entrava para explorar o átrio.

8. A Beth Moked era abobadada [arredondada?]. (1) Era um grande compartimento cercado de pavimentos de pedra. Os mais velhos da casa dos seus pais dormiam lá, tendo com eles as chaves do átrio; enquanto as «flores» do sacerdócio dormiam cada uma com a sua roupa [var.: almofada] no chão.

1) As êxedras costumavam ser arredondadas, mas esta descrição não coincide em nada com a que F. Josefo faz das êxedras do templo herodiano. Em vez disso, assemelha-se mais aos planos dos pórticos do templo futuro de Ezequiel (Ez 40), porém o número de compartimentos laterais não coincide.

9. E havia lá um lugar de 1 côvado de lado, onde estava uma laje de mármore. Nesta, estavam fixadas uma argola e a corrente onde as chaves eram dependuradas. Quando chegava o tempo de fechar [as portas], o sacerdote levantava a laje através da argola e tomava as chaves da corrente. Então o sacerdote fechava por dentro e o levita dormia fora. Quando acabava de fechar [as portas], repunha as chaves na corrente e a laje no seu lugar; e colocava a sua almofada em cima e dormia lá. Se acontecesse alguma ejaculação de sémen a algum deles, ele sairia pela escada redonda que ia por baixo da Birah (fortaleza), (1) e onde havia luzes ardendo de cada lado, até chegar ao balneário. Rabi Eliezer, filho de Jacob, diz: «Descia pela escada redonda que passava por baixo do Khel e saía através da porta Tadi».
1) «Birah» ou «Báris» era a fortaleza situada a noroeste do templo, à qual Herodes pôs o nome de Antónia (AJ XV, 11 eYoma 2a). A Mishnáh segue a nomenclatura anterior a Herodes.

II

1. O [períbolo exterior do] Monte do Templo tinha 500 côvados por 500 [côvados]. (1) A maior parte dele era a sul; em seguida a do leste; depois a do norte; e a parte mais estreita a oeste. A parte que era mais extensa era também a mais utilizada.

1) Ez 42, 15-20. É mais que evidente que se trata do períbolo anterior à remodelação de Herodes, porque não corresponde minimamente às dimensões da esplanada do templo, tal como ela existe.

2) Mas F. Josefo situa o templo herodiano no centro do períbolo!

2. Todos os que entrassem no Monte do Templo entravam pela direita, viravam e voltavam pela esquerda, exceto aquele a quem tivesse acontecido alguma coisa nociva, o qual entrava e voltava pela esquerda. «Porque voltas à esquerda?» «Porque estou enlutado». «Aquele que habita nesta casa te conforte!» «Porque estou excomungado». «Aquele que habita nesta casa lhes inspire amizade contigo novamente!» Por isso, Rabi Meir... Rabi José disse-lhe: «Fazes isso... parece que o trataram injustamente. Então, que devem dizer? 'Aquele que habita nesta casa te inspire ouvir as palavras dos teus companheiros, para que façam amizade contigo novamente'.

3. Dentro dele, ficava o Soreg (a barreira da separação legal), com 10 mãos de altura. (1) E nele havia 13 brechas, que tinham sido feitas inicialmente pelos reis da Grécia. (2) E quando as repararam, decretaram que 13 prostrações fossem feitas em direção a elas [em recordação].

Dentro, estava o Khel (o patamar de entrada), com 10 côvados [de largura]; e havia lá 12 degraus. (3) A altura de cada degrau era de 0,5 côvado e e largura era de 0,5 côvado. No templo, todos os degraus tinham 0,5 côvado de altura e 0,5 côvado de largura, exceto os do pórtico (o vestíbulo do templo).

No templo, todos os portais tinham 20 côvados de altura e 10 côvados de largura, exceto o do pórtico. Lá, todos os portais tinham batentes, exceto o do pórtico. Lá, todas as portas tinham lintéis, exceto a de Tadi, que tinha 2 pedras inclinadas uma para a outra. Todas as portas originais foram mudadas para portas de ouro, exceto a Porta de Nicanor, porque nela houve um milagre; alguns dizem, porém, que era porque o bronze brilhava [como ouro]. 

1) 10 mãos equivalem a pouco mais que 1,6 CV. Todavia F. Josefo diz que a barreira de separação media 3 CV de altura, e que sobre ela se erguiam avisos, a intervalos regulares.

2) Cf.: 1Mc 9, 54-56.

3) Mas F. Josefo diz que eram 14 degraus até ao patamar e 5 no patamar para as portas. Resta saber quantos eram os degraus, antes da remodelação herodiana.

4) Cf.: Ez 40, 11; 41, 2. F. Josefo só refere as medidas dos portais do períbolo interior e do templo propriamente dito e nenhuma delas coincide com estas.

5) O tratado Middot situa a Porta de Nicanor a oriente e não refere nenhuma porta entre o átrio das mulheres e o átrio dos Israelitas. F. Josefo diz que, no templo herodiano, entre o átrio das mulheres e o átrio dos homens, se situava um portal de bronze de Corinto, acessível por 15 degraus baixos; mas este portal não corresponde à Porta de Nicanor nas medidas nem na descrição.

4. Todas as muralhas do templo eram altas, exceto a muralha oriental, de modo que o [sumo] sacerdote que sacrificava a vitela vermelha, (1) estando de pé no cimo do Monte das Oliveiras, olhasse claramente com o seu próprio olhar a porta do templo, no momento de aspergir o sangue.

1) Cf.: Núm 19, 1-10. Esta descrição é inconciliável com a descrição que F. Josefo faz do templo herodiano.

5. O átrio das mulheres tinha 135 côvados de comprimento por 135 côvados de largura. Tinha 4 compartimentos nas suas 4 extremidades, cada um de 40 côvados. Não eram cobertos, e serão no tempo vindouro como é dito: «E conduziu-me para fora, para o átrio exterior, e fez-me passar junto às 4 extremidades do átrio e eis que havia aí outro átrio em cada canto do átrio. Nas 4 extremidades do átrio havia átrios fumegantes». (1) E «fumegantes» significa apenas que não eram cobertos. E para que é que serviam? O do sudeste era a Câmara dos Nazireus, onde os Nazireus cozinhavam as suas oferendas de paz, e cortavam o seu cabelo e atiravam-no para debaixo do recipiente. (2) O do nordeste era a Câmara da Lenha, onde os sacerdotes com um defeito físico faziam a escolha da lenha que tinha vermes, sendo cada pau com um verme impróprio para uso no altar. O do noroeste era a Câmara dos Leprosos. Do do sudoeste, Rabi Eliezer, filho de Jacob, disse: «Esqueci-me de para que é que isso servia». Abba Saul diz: «Lá, guardava-se o vinho e o azeite e era chamada a Câmara da Casa de Shamanyah (do azeite)». E [o átrio das mulheres] era, inicialmente, nivelado, mas depois cercaram-no com uma galeria, (3) para que as mulheres olhassem de cima enquanto os homens estavam em baixo, e não se devem misturar.

E 15 degraus subiam daí [do átrio das mulheres] para o átrio de Israel, correspondendo aos 15 [cânticos das] subidas, mencionados no livro dos Salmos. (4) Os levitas cantavam os Salmos sobre eles. [Os degraus] não eram retangulares, mas arredondados, como metade de uma eira.

1) Interpretação deturpada de Ez 46, 21-24, que, referindo-se ao templo futuro (que nunca foi construído), situa 4 átrios de 40 CV por 30 CV nos ângulos do átrio exterior. Note-se, ainda, que aqui não é localizada com precisão a localização desses pequenos átrios, nem se esclarece se os 40 CV eram de comprimento e de largura ou só de comprimento. Estes 4 átrios não são referidos por F. Josefo.

No templo herodiano, em torno do átrio das mulheres, situavam-se salas do Tesouro (Mc 12, 41-44; Lc 21, 1-4). É fácil admitir que o átrio das mulheres medisse cerca de 135 CV de largura, com 4 salas do Tesouro (2 a norte e 2 a sul) de cerca de 40 CV de comprimento cada uma. As restantes medidas seriam extrapoladas. O comprimento do átrio das mulheres, no sentido norte — sul, seria de 200 CV (2 vezes os 100 CV do átrio anterior).
2) Cf.: Núm 6, 1- 21.

3) A Mishnáh mistura elementos de épocas diferentes. O átrio interior do templo anterior a Herodes media 100 CV de largura. O átrio do templo de Herodes tinha colunatas e media o dobro do anterior, ou seja 200 CV de largura. (Ez 40, 47; 41, 13-14; C. Ap. 1, 198).

Cf.: Havia lá castiçais de ouro com 4 taças de ouro no topo de cada um deles e quatro escadas para cada um. (Sukkah 51a). O Tanna ensinou que a altura de um castiçal era de cinquenta côvados. (Sukkah 52b).

4) Sl 120 (119)-134 (133). No templo herodiano, havia a Porta Coríntia e um muro, entre o átrio das mulheres e o átrio dos homens. O tratado Middot não situa nenhuma porta nem nenhum muro entre esses dois átrios.

6. E havia aí compartimentos por baixo do átrio de Israel, que estavam abertos sobre o átrio das mulheres, onde os levitas colocavam as suas liras, saltérios, címbalos e todos os tipos de instrumentos musicais.

O átrio de Israel tinha 135 côvados de comprimento por 11 de largura. Igualmente, o átrio dos sacerdotes tinha 135 côvados por 11 de largura; e «cabeças» de pedras dividiam entre o átrio de Israel e o átrio dos sacerdotes. Rabi Eliezer, filho de Jacob, diz: «Havia um degrau de 1 côvado de altura, sobre o qual era colocado o Dukhan (a plataforma), e isto tinha 3 degraus de 0,5 côvado cada um. E assim, o átrio dos sacerdotes foi feito 2, 5 côvados mais alto que o de Israel». O pátio todo tinha 187 côvados de comprimento por 135 de largura, e 13 prostrações eram feitas lá. Abba José, filho de Canan, diz: «Eram feitas em direção às 13 portas.

A sul, para ocidente, ficavam a Porta Superior; a Porta da Cremação; a Porta dos Primogénitos; e a Porta da Água. E porque era chamada a Porta da Água? Porque através dela traziam o cântaro da água para a libação da Festa dos Tabernáculos. Rabi Eliezer, filho de Jacob, diz: «Nela, as águas brotaram; e no tempo vindouro, sairão debaixo do limiar do templo. Correspondendo a estas, a norte, para ocidente, ficavam a Porta de Jeconias; a Porta da Oferenda; a Porta das Mulheres; e a Porta do Cântico. E porque era chamada Porta de Jeconias? Porque por ela Jeconias foi para o cativeiro. A leste era a Porta de Nicanor, e tinha 2 pequenas portas, 1 à sua direita e 1 à sua esquerda. E havia lá outras 2 portas a ocidente, que não tinham nome.

1) 13 portas: 4 portas a sul, 4 a norte, 3 a oriente e 2 a ocidente. Mas em Mid I, 4 (supra), diz-se que «havia 7 portas no átrio: 3 a norte, 3 a sul e 1 a oriente»!

2) Ez 47, 1-2.

3) 2Rs 24, 8-16; 25, 27-30; 2Cr 36, 9-10; Jr 52 28-34. Jeconias (=Joiaquin), rei de Judá, é da época da destruição do templo de Salomão!

4) A localização de «compartimentos por baixo do átrio de Israel, que estavam abertos sobre o átrio das mulheres», exclui a localização dos 2 compartimentos laterais da Porta de Nicanor entre esses átrios. Portanto, o tratado Middoth situa a Porta de Nicanor a leste do átrio das mulheres.

5) Mas F. Josefo diz que o átrio não tinha portas a ocidente.


III

1. O altar tinha 32 côvados por 32. Elevava-se 1 côvado e retraía-se 1 côvado e isto formava a fundação, deixando 30 côvados por 30. Depois, elevava-se 5 côvados e contraía-se 1 côvado e isto formava o circuito, deixando 28 côvados por 28. Os chifres tinham 1 côvado em cada direção, deixando, assim, 26 por 26. Um côvado em cada lado era deixado para a passagem dos sacerdotes, deixando, então, 24 por 24 como lugar da pilha de madeira [do fogo do altar]. Rabi José disse: «No início, a área completa [do altar] era só de 28 côvados por 28; e erguia-se com as dimensões referidas até o espaço para a pilha do altar ser apenas de 20 por 20. (1) Mas quando subiram os filhos do cativeiro, aumentaram 4 côvados a norte [ou a sul?] e 4 a oeste, como um gama, porque foi dito: 'E a lareira terá 12 côvados de comprimento por 12 de largura, sendo quadrada'. Devo supor que fossem só 12 côvados por 12? Quando se diz «nos 4 lados», mostra que estava medindo, desde o meio, 12 côvados em cada direção». E uma linha de tinta vermelha cercava-o no meio, para separar entre o sangue aspergido em cima e em baixo. E a fundação corria todo o comprimento dos lados norte e oeste, mas deixava 1 côvado consumido a sul e 1 a leste.

1) 2Cr 4, 1.

2) Cf.: Ez 43, 13- 27.

3) Toda esta descrição é fantasista, notando-se nela a clara intenção de tornar real, em alguma época, o altar do templo futuro de Ezequiel, com o comprimento e a largura duplicados. O altar salomónico e o altar pós-exílico mediam 20 CV de comprimento e de largura e 10 CV de altura (2Cr 4,1). O altar herodiano media 50 CV de comprimento e de largura e 15 CV de altura.

2. No ângulo sudoeste [do altar] havia 2 aberturas, como pequenas narinas, através das quais o sangue derramado no lado ocidental da fundação e no lado sul descia em duas correntes, misturando-se no canal, por onde corria para fora, para a torrente do Cédron.

3. No pavimento, abaixo daquela esquina, havia um lugar de 1 côvado de lado, no qual havia uma placa de mármore com uma argola fixada nela, e era por onde se descia ao esgoto, para o limpar.

E havia lá uma rampa a sul do altar, com 32 côvados [de comprimento] por 16 de largura. Tinha uma cova no seu lado ocidental, onde oram postas as ofertas pelo pecado de aves que eram rejeitadas.

4. Tanto as pedras da rampa como as do altar foram tomadas do vale de Beth Kherem. E escavaram-nas debaixo do solo virgem, e transportaram de lá todas as pedras, sobre as quais o ferro não fora erguido, porque o ferro desqualifica por mero contacto, apesar de um arranhão feito por qualquer coisa poder desqualificar. Se uma delas fosse beliscada, seria desqualificada, mas o resto não era. Eram branqueadas 2 vezes por ano: uma pela Páscoa e outra pela Festa dos Tabernáculos; e o templo só era branqueado uma vez por ano, pela Páscoa. Rabi [Judá] diz: «Branqueavam-nas cada sexta-feira com um pano, por causa das manchas de sangue». O estuque não foi posto com pá de trolha de ferro, para que não fosse tocado e desqualificado – porque o ferro foi criado para encurtar os dias do homem, e o altar foi criado para alongar os dias do homem; e não está certo, pois, que o que encurta deva ser erguido contra o que alonga.

1) Ex 20, 25; Dt 27, 1-7.

5. E havia argolas a norte do altar: 6 fileiras, cada uma de 4; ou, de acordo com alguns, 4 fileiras, cada uma de 6; nas quais se abatiam os animais sacrificiais. Os matadouros eram a norte do altar. E havia lá 8 pequenas colunas, nas quais havia placas de cedro. Neles foram fixados ganchos de ferro, 3 filas em cada uma delas, sobre as quais se dependurava as carcaças e esfolava [as vítimas], sobre mesas de mármore entre as colunas.

6. E o lavatório ficava entre o pórtico (o vestíbulo) e o altar, (1) um pouco a sul.

O espaço entre o pórtico e o altar era de 22 côvados. E havia lá 12 degraus, cada um de 0,5 côvado de altura, e 1 côvado de largura. Era 1 côvado, 1 côvado, e a largura de 3 côvados; depois 1 côvado, 1 côvado, e a largura de 3 côvados; depois, no cimo, 1 côvado, 1 côvado, e a largura de 4 côvados. (2) Rabi Judá diz que o cimo era de 1 côvado, 1 côvado e uma largura de 5 côvados.

1) Cf.: Ex 30, 17-21; 38, 8.

2) Texto corrompido, pois faltam degraus. A hipótese mais lógica é: 1+1+1+3+1+1+1+3+1+1+1+4 (ou 5), num total de 19 (ou 20) CV de comprimento. Outra hipótese, menos plausível: 1+1+3+1+1+3+1+1+3+1+1+4 (ou 5), num total de 21 (ou 22) CV de comprimento.

3) Este degrau de 5 CV poderia ser o próprio limiar do pórtico, de 5 CV de largura (Infra IV, 7). Nesse caso, o comprimento dos degraus reduz-se para 15 CV (ou 17 CV, na segunda hipótese).

7. A entrada [sem batentes] do pórtico tinha 40 côvados de altura e a sua largura era de 20 côvados. Sobre ela, havia 5 grandes vigas de cedro. A inferior sobressaía 1 côvado de cada lado além da entrada. A superior sobressaía 1 côvado de cada lado além desta. Assim, a mais alta tinha 30 côvados de comprimento, e havia uma camada de pedras entre cada uma delas.

1) Esta descrição não combina com a de F. Josefo nem com a representação da fachada do templo duma moeda da Segunda Revolta (135 d. C.). Resta saber se corresponde ao templo anterior à remodelação de Herodes. Cf.: Ez 41, 25b.

8. E havia suportes cruzados de pedra [var.: de cedro] estendendo-se da parede do templo até à parede do pórtico, para evitar que fizessem bojo. Havia lá correntes de ouro fixadas nas vigas do teto do pórtico, pelas quais as «flores» do sacerdócio subiam e viam as coroas, (1) conforme se diz: «E as coroas serão para Helem, e para Tobias, e para Jedaías, e para Hen, filho de Sofonias, como um memorial no templo do Senhor.

Uma vinha de ouro estava à porta do templo, formada em vigas. E cada um que oferecia uma folha, um bago ou um cacho trazia-os e dependurava-os lá. Rabi Eliezer, filho de Rabi Zadok, disse: «Uma ocasião, foram encarregados 300 sacerdotes.

1) Cf.: 1Mc 4, 57.

2) Zc 6, 14.

3) Para remover ou para limpar.

IV

1. A entrada do templo tinha 20 côvados de altura e 10 de largura. E tinha 4 batentes: 2 no lado interno e 2 no exterior, conforme é dito: «E o templo e o santuário tinha 2 batentes». Os batentes exteriores abriam para o interior da entrada, para cobrir a espessura da parede, e os batentes interiores abriam para dentro do templo, para cobrir o espaço atrás das portas, porque todo o templo era revestido de ouro, exceto atrás dos batentes. Rabi Judá diz: «Os batentes estavam dentro da entrada, e eram como portas dobráveis: uma metade cobria 2,5 côvados e a outra metade cobria 2,5 côvados, deixando 0,5 côvado e a ombreira de um lado e 0,5 côvados e a ombreira do outro lado, conforme se diz: 'E os batentes tinham 2 painéis, 2 painéis rolantes, 2 painéis para uma porta e 2 painéis para a outra'. 

1) Ez 41, 23-24; Cf.: 1Rs 6, 34. Note-se que o «templo futuro» de Ezequiel nunca foi construído!

2. E a grande porta tinha 2 pequenas portas, uma a norte e outra a sul. A do sul, nunca algum homem passara por ela; e em relação a essa regra foi claramente estabelecido pela boca de Ezequiel, conforme diz: «E o Senhor disse-me: esta porta será fechada e não se abrirá, e nenhum homem entrará por ela, porque o Senhor, o Deus de Israel, entrou por ela; por isso, ficará fechada». (1) [O sacerdote] tomou a chave e abriu a pequena porta [a norte], e entrou na pequena câmara, e da pequena câmara para o templo. Rabi Judá diz: «Ele caminhava ao longo da espessura da parede, até se encontrar entre as 2 portas e abria as portas exteriores por dentro, e a interiores por fora.

1) Mas Ez 44, 1-3 refere-se ao pórtico exterior e não à entrada do templo propriamente dito!

3. E existiam lá 38 pequenas câmaras: 15 a norte, 15 a sul, e 8 a ocidente. A norte e a sul, havia 5 por cima de 5, e 5 no cimo delas; e a ocidente, havia 3 por cima de 3, e 2 por cima delas. Cada uma tinha 3 aberturas: uma para a pequena câmara da direita e uma para a pequena câmara da esquerda e uma para a pequena câmara de cima. E no ângulo nordeste havia 5 aberturas: uma para a pequena câmara da direita e uma para a pequena câmara de cima e outra para a escada redonda e outra para a pequena porta e outra para o templo. (1)
1) Mas F. Josefo e o Antigo Testamento (Ez 41, 5-11) falam em 30 câmaras por cada um dos 3 andares, o que dá um total de 90 câmaras.

4. E a pequena câmara inferior tinha 5 côvados de largura, com uma cobertura de 6 côvados; a pequena câmara intermédia tinha 6 côvados de largura, com uma cobertura de 7; e a pequena câmara superior tinha 7 côvados de largura; conforme é dito: «O andar inferior da estrutura lateral tinha 5 côvados de largura, e o intermédio tinha 6 côvados de largura, e o terceiro 7 côvados de largura.

1) 1Rs 6, 6. Mas em Mid 4, 7, (infra) só se atribuem 6 CV às celas e é impossível combinar as 2 versões!

5. E uma escada redonda subia desde o ângulo nordeste para o ângulo noroeste, pela qual se subia ao tetos das câmaras. Quem subisse a escada redonda com a face para o ocidente, atravessava todo o lado norte, até chegar ao ocidente. Quando chegava ao ocidente, virava a face para o sul. Então, atravessava o lado ocidental, até chegar ao sul. Chegava ao sul, virava a face em direção ao leste. Então, atravessava o lado sul, até chegar à porta para a câmara superior, com a porta da câmara superior aberta para sul. Na entrada da câmara superior, havia 2 colunas de cedro, pelas quais se subia até cima do teto da câmara superior, e no cimo desta havia «cabeças» de pedras, mostrando a divisão, na câmara superior, entre a parte do Santo e a do Santo dos Santos. Havia alçapões na câmara superior, abrindo sobre o Santo dos Santos, por onde se fazia descer os operários em caixas, para evitar que regalassem os olhos com o Santo dos Santos.

6. E o templo tinha 100 côvados por 100, com uma altura de 100. (1) A base era de 6 côvados; (2) então ele elevava-se 40; (3)então, 1 côvado para a ornamentação; 2 côvados para as goteiras; 1 côvado para a cobertura; e 1 côvado para o reboco. E a altura da câmara superior era de 40 côvados; havia 1 côvado para a sua ornamentação; 2 côvados para as goteiras; 1 côvado para a cobertura; 1 côvado para o reboco; 3 côvados para a balaustrada; e 1 côvado para a proteção contra corvos. Rabi Judá diz: «A proteção contra corvos não foi incluída na medida, sendo a balaustrada de 4 côvados.

1) Ez 41, 13-15. A altura e a largura de 100 CV só se aplicam ao templo herodiano, mas os dados aqui fornecidos contradizem gravemente F. Josefo e o Antigo Testamento. Segundo a Mishnáh, o primeiro e o segundo pisos do templo mediriam 45 CV de altura [= 40+(1+2+1+1)] cada um, ao que é preciso juntar a base, a balaustrada e a proteção contra corvos, para atingir os 100 CV de altura (= 6+45+45+4). No entanto, segundo F. Josefo, o piso inferior do templo media 60 CV de altura, o piso superior media 40 CV de altura e a base não pode ser incluída nesses 100 CV de altura. Note-se que o Antigo Testamento diz que, depois do exílio, o templo media 60 CV de altura e de largura. (Esd 6, 3).

2) Ez 41, 8.

3) Como a Mishnáh atribui 40 CV à altura interior do templo, diz que os véus mediam 40 CV por 20 CV: «Raban Simeão, o filho de Gamaliel diz, em nome do Rabi Simeão, o filho do chefe [dos sacerdotes]: O véu era de uma mão de largura em espessura e era tecido em 74 cordas, cada corda composta de 22 segmentos. Era de 40 côvados de comprimento e 20 côvados de largura, e era composto de 82 vezes 10 000. Eram feitos 2 véus cada ano, e 300 sacerdotes eram necessários para mergulhá-lo.» (Shekalim 8, 5).

7. Desde o leste até ao oeste eram 100 côvados: a parede do pórtico, 5 côvados; o próprio pórtico, 11; (1) a parede do templo, 6 côvados; e o seu interior, 40; 1 côvado para a partição; (2) e 20 côvados para o Santo dos Santos; a parede do templo, 6 côvados; a pequena câmara, 6 côvados; e a parede da pequena câmara, 5. De norte a sul, tinha 70 côvados: (3) a parede da escada redonda, 5 côvados; a própria escada redonda, 3; (4) a parede da pequena câmara, 5; e a própria pequena câmara, 6; a parede do templo, 6 côvados; e o seu interior, 20; a seguir, novamente a parede do templo, 6; e a pequena câmara, 6; e a parede dela, 5; depois, o lugar da descida da água, 3 côvados; e a sua parede, 5 côvados. O pórtico sobressaía-lhe 15 côvados a norte e 15 côvados a sul, (5) e este espaço era chamado Casa das Facas, onde se guardavam as facas [dos matadouros sacrificiais]. Então o templo era estreito atrás e largo à frente, como um leão, conforme é dito: «Ah, Ariel, Ariel, a cidade onde David acampou!». (6) Tal como o leão é estreito atrás e largo à frente, assim também o templo é estreito atrás e largo à frente.

1) O pórtico do templo de Salomão media 10 CV de largura e o pórtico do templo herodiano media 20 CV de largura (o dobro). A descrição do templo futuro (que nunca foi construído!) é que atribui 11 CV (hebraico) ou 12 CV (versão grega dos LXX) à largura do pórtico (Ez 40, 49).

2) Esta partição seria um espaço vazio entre 2 véus a 1 CV de distância um do outro. (Yoma 51b). O interior do templo teria, então, 61 CV de comprimento. Mas F. Josefo e a Bíblia dizem que o interior do templo era de 60 CV de comprimento e só referem 1 véu interior. (1Rs 6, 2; 2Cr 3, 3.14; Ex 26, 31-33; Mt 27, 51; etc.).

3) Estes 70 CV resultam, evidentemente, da má interpretação de Ez 41, 12-15. O A.T. e F. Josefo falam em 60 CV (Esd 6, 3).

4) Esta erradamente designada «escada redonda» é estranha ao Antigo Testamento e a F. Josefo.

5) 20 CV de cada lado é que estão corretos (100 - 20 - 20 = 60). A prova mais evidente da falta de valor histórico desta descrição é não concordar com o A. T. nem com F. Josefo, em dados elementares!

5) Is 29, 1.

V

1. O átrio todo tinha 187 côvados de comprimento por 135 de largura. Do leste para oeste, tinha 187: o lugar do piso dos pés dos Isrealitas tinha 11 côvados; o lugar do piso dos pés dos sacerdotes tinha 11 côvados; o altar: 32; entre o pórtico e o altar, eram 22 côvados; o templo: 100 côvados; e eram 11 côvados atrás do lugar da Misericórdia (o Santo dos Santos).

2. De norte para sul, eram 135 côvados: a rampa e o altar, 62; do altar até às argolas, eram 8 côvados; o lugar das argolas, 24 côvados; das argolas até às mesas, eram 4 côvados; das mesas até às colunas, 4; e das colunas até à muralha do átrio, 8 côvados; e o resto entre a rampa e a muralha, e o espaço ocupado pelas colunas. 

1) F. Josefo, citando Hecateu de Abdera, referindo-se ao templo anterior a Herodes, fala de «um períbolo de pedra com o comprimento de cerca de 5 plectros [=500 pés =333, (3) CV] e a largura de 100 côvados». Ora, 176 CV do átrio dos sacerdotes, 11 CV do átrio dos homens e 135 CV do átrio das mulheres, são 322 CV. Se a largura dos compartimentos que ladeavam a Porta de Nicanor fosse de 11 CV (?), obter-se-ia 333 CV, «cerca de 5 plectros». Resta admitir a existência de galerias de colunas de 17, 5 CV de largura, a norte e a sul, para conciliar os 135 CV da Mishnáh com a largura de 100 CV.

3. Havia 6 aposentos no átrio: 3 a norte e 3 a sul. A norte, eram a Câmara do Sal, a Câmara Parwah e a Câmara das Lavagens. Na Câmara do Sal, punham sal para as oferendas. Na Câmara Parwah, salgavam as peles dos animais oferecidos. No seu teto ficava o balneário usado pelo sumo sacerdote no Dia da Expiação. Na Câmara das Lavagens, lavavam as entranhas dos animais sacrificiais. (1) E daí, uma escada redonda subia para o teto da Câmara Parwah.

1) Cf.: Ez 40, 38.

4. A sul, eram Câmara da Lenha, a Câmara do Cativeiro e a Câmara das Pedras Talhadas. Acerca da Câmara da Lenha, Rabi Eliezer, filho de Jacob, diz: «Esqueci-me de que é que servia isso». Abba Shal diz: «A câmara do sumo sacerdote era atrás de 2 delas e um teto cobria todas as 3. (1). Na Câmara do Cativeiro, havia uma cisterna com uma roda por cima, e a partir daí a água era aprovisionada para todo o átrio. Na Câmara das Pedras Talhadas, o grande Sinédrio de Israel estava sediado (2) e julgava [entre outras coisas] os candidatos ao sacerdócio. E um sacerdote no qual fosse encontrada uma desqualificação, era posto de preto debaixo das roupas e envolvia-se de preto e tinha de ir embora. Aquele em que não fora encontrada desqualificação, era posto de branco debaixo das roupas e envolvia-se de branco e ia e servia com os seus irmãos sacerdotes. E faziam-lhe uma festa, porque não haviam encontrado deficiência na descendência do [sumo] sacerdote Aarão; e diziam assim: 'Bendito seja o Omnipresente, bendito seja Ele, pois não foi encontrada deficiência na descendência de Aarão! Bendito o que escolheu Aarão e os seus filhos, para estarem ao serviço diante da face do Senhor no Santo dos Santos!'.

1) No templo de Herodes, as salas do Tesouro situavam-se entre as êxedras das portas. Por isso, nunca poderiam estar 3 debaixo do mesmo teto.
2) Cf.: Dt 17, 8-12.

Cf.: Rabi Shesheth disse: «Donde eu mantenho a minha opinião? De tudo o que foi ensinado, a Câmara das Pedras Talhadas foi [construída] no estilo de uma grande basílica. A contagem teve lugar no lado leste, com o mais velho sentado no oeste, e os sacerdotes na forma de uma figura em espiral. (…)» Abaye disse: «Pode-se inferir a partir daqui que a Câmara das Pedras Talhadas estava [situada] metade em solo sagrado, metade em solo não sagrado; que a Câmara tinha duas portas, uma abrindo no solo sagrado, a outra abrindo no solo não sagrado.» (Yoma 25a)

O Palácio de Herodes

Pretório de Pilatos

Frente a ela, a torre Hípicos, perto da qual 2 outras foram construídas pelo rei Herodes na antiga muralha. Pelas suas dimensões, pela sua beleza e pela sua solidez, ultrapassavam as torres do mundo inteiro. É que, com efeito, além do seu temperamento levado para a magnificência e para as suas ambições pela cidade, este rei procurava satisfazer, pela excelência das suas construções, afetos pessoais. Foi assim que ele consagrou, dando os seus nomes a estas torres, a memória das 3 pessoas que lhe foram mais caras: um irmão, um amigo e uma esposa. Se ele matou esta, (...) foi por amor. Perdeu os 2 últimos na guerra, onde tinham combatido valentemente.

A torre Hípicos, com o nome do seu amigo, era quadrada. Tinha de comprimento e de largura, para cada dimensão, 25 côvados, e 30 de altura, sem nenhuma cavidade no interior. Por cima desta massa de pedras, não formando mais do que um só bloco, havia uma cisterna de 20 côvados de profundidade para recolher as águas da chuva, e, por cima, uma construção de 2 andares, com a altura de 25 côvados, dividida em compartimentos, ornados de forma diversa, e sobrepujada em torno com torrinhas (=merlões)de 2 côvados e parapeitos (=ameias) de 3 côvados, de tal forma que a altura total se cifrava em 80 côvados.

A segunda torre, ele denominou-a com o nome do seu irmão, Fasael. Era tão longa como larga, com 40 côvados em cada dimensão,  e também 40 côvados de altura na parte maciça. Por cima, corria um pórtico de 10 côvados de altura, protegido por parapeitos e por saliências (?). A meio comprimento deste pórtico, elevava-se uma outra torre, compreendendo sumptuosos apartamentos e até banhos, de tal maneira que nada faltava a esta torre que lhe pudesse dar o aspeto de um palácio. O cume era ornado de parapeitos (=ameias) e de torrinhas (=merlões). A altura total era de cerca de 90 côvados. A sua silhueta assemelhava-se à da torre da ilha de Faros, cujos fogos iluminam os navegadores que singram em direção a Alexandria. (...)

A terceira torre, Mariame, porque a rainha usava este nome, era uma construção maciça que atingia vinte côvados (de altura) e ultrapassava 20 côvados tanto em largura comoe em comprimento. Todavia, a parte habitável, em cima, era ordenada de forma muito mais sumptuosa e variada que nas outras; pensando o rei que uma habitação tendo o nome de uma mulher devia ser mais ornada que as que as que tinham nomes de homens, da mesma forma que estas últimas deviam ser mais potentes que a da mulher. A altura total desta torre era de 55 côvados. 

Com semelhantes dimensões, estas 3 torres pareciam ainda maiores, por causa da sua localização. Com efeito, a antiga muralha, sobre a qual elas se encontravam, tinha, também ela, sido construída sobre uma alta colina. Formava, como que a crista, muito mais elevada, desta colina, até uma altura de 30 côvados. E as torres elevando-se sobre esta crista, faziam ainda maior a elevação.

A dimensão das pedras era, também ela, admirável, porque não era de pedras banais ou de pedras transportáveis em braços de homens que estas torres tinham sido constituídas: tinha-se talhado em mármore branco. Cada um dos blocos media 20 côvados de comprimento por 10 de largura e 5 de espessura, tão ajustados entre eles que nenhuma das torres parecia ser senão um único rochedo surgido naturalmente e polido em seguida pela mão das pessoas da profissão para lhe dar a sua forma e as suas arestas. É que em nenhuma parte se notavam as juntas da alvenaria.

A estas torres, situadas a norte, era contíguo, no interior, o palácio do rei (hê toû basiléôs aulê), ultrapassando toda a descrição. Não lhe faltava nada, com efeito, da mais extrema magnificência e da mais perfeita organização. Era completamente cercado de muros de 30 côvados de altura, e, a intervalos iguais, marcado com torres ornamentais, vastas salas de banquetes e perto de uma centena de quartos de hóspedes. Continham uma indescritível variedade de pedras, porque aí se encontrava junto o que, em todo o lado, havia de mais raro. Havia tetos admiráveis pelo comprimento das vigas e pelo esplendor dos apainelados; e uma multidão de alojamentos, com formas infinitamente variadas e todos guarnecidos de mobília completa, onde dominavam, para cada um, os artigos de prata e de ouro.

(Havia) muitos peristilos (perístoa) em circuito (en kúklôi) uns após outros, com colunas diferentes para cada um. Todas as partes a céu aberto destas construções eram espaços verdes, com bosquezinhos de árvores de essências variadas, atravessados por longas alas, elas próprias cercadas de riachos profundos. Por todo o lado, (havia) reservatórios ornados em torno com figuras de bronze pelas quais brotava a água, e, em torno dos planos de água, numerosos pombais para pombos domésticos. 

Mas é impossível dar deste palácio a descrição que ele merece. Ainda por cima, lembrá-lo traz um verdadeiro tormento, porque isso evoca as devastações causadas pelo incêndio que os salteadores acenderam. Não foram os Romanos que queimaram estas maravilhas, mas é a obra dos facciosos da cidade no início da insurreição. (...) Foi pela torre Antónia que o fogo começou; ganhou, em seguida, o palácio e devorou os tetos das 3 torres.

(B. J. V, 136 - 183)

Esta torre estava situada no ângulo NE do palácio. Chegou até nós parte da base dela, cujas medidas se aproximam das que Josefo indica. As suas paredes são reconhecíveis pelas típicas bossagens das pedras, como acontece nas construções herodianas. A base é ligeiramente retangular.

Junto desta torre haveria uma porta virada para norte, à saída da qual Jesus foi ajudado pelo cireneu (Mt 27, 31-32; Mc 15, 20-21; Lc 23, 25-32).

O célebre farol de Alexandria, considerado uma das 7 maravilhas do mundo de então.

Estes 55 CV de altura distribuem-se da seguinte forma: 20 CV para a base, que era 10 CV mais baixa que a muralha do palácio; 1 piso de 10 CV de altura até ao cimo da muralha; 2 pisos de 10 CV de altura cada um, desde a muralha até às ameias da torre; e 5 CV (3 + 2) para as ameias com os merlões.

Como o Heródion, também este palácio de Herodes, em Jerusalém, seria um castelo de muralhas duplas paralelas, ligadas por muitos compartimentos e providas de torres salientes para o exterior. Ocupava uma extensão de cerca de 300 m por 60 m, formando um retângulo no sentido N - S. A parte NO, onde se encontravam as 3 torres que Josefo descreve, não era angular, mas arredondada. No centro desta cinta de muralhas com compartimentos, situar-se-iam vários peristilos ajardinados, ligados uns aos outros e aos compartimentos das muralhas. Nesse espaço interior situar-se-iam, talvez um de cada lado da entrada virada a oriente, os dois triclínios, Agripeion e Cesareion, de que Josefo fala, que seriam, certamente, duas grandes salas com tetos suportados por colunas, como a do palácio de inverno em Jericó ou como a do Heródion. Tendo em conta a altura de 30 CV da muralha do castelo, os compartimentos em torno, entre as muralhas duplas, estariam divididos em 3 pisos (de 10 CV de altura cada um) ou 2 pisos (o piso inferior podia ser mais alto). Os tetos eram planos, de madeira de cedro, e trabalhados. As paredes estariam revestidas com mármores de diversas cores, ou pintadas em diversas formas geométricas, como noutras construções herodianas. Os peristilos teriam altura equivalente à do piso inferior (de 10 a 15 CV). Os dois triclínios seriam mais altos que os peristilos, sobre os quais teriam as janelas dos lados. A porta oriental daria para o centro da ágora da «Cidade Alta», a praça empedrada conhecida como Gabbathá ou Lithóstrotos. Esta porta seria em arco, com torres de um lado e do outro, ao longo da muralha. No interior do palácio, essa mesma porta daria acesso imediato a um átrio, no qual devem ser localizados os diálogos entre Jesus e Pilatos, a flagelação (numa das colunas) e a coroação de espinhos.

(Confrontar com o Heródion, com o palácio de inverno de Jericó, com Massada (Masada), com o palácio de Diocleciano em Spalato, etc.).

Enquanto o Heródion e a Antónia tinham uma torre mais alta que as outras, este palácio de Herodes tinha 3 torres mais altas que as outras.


O Teatro de Jerusalém 

(Herodes) instituiu, em honra de César, jogos que deviam ser celebrados de 4 em 4 anos.

Fez construir, em Jerusalém, um teatro e na planície um vasto anfiteatro, edifícios notáveis pela sua magnificência, mas contrários aos hábitos dos Judeus. (...) Em torno do teatro, foram dispostas inscrições em honra de César, trofeus lembrando os povos que vencera e conquistara, tudo executado em ouro puro e em prata.

(A. J. XV, Cap. VIII, 1)


Conclusão das Obras do Templo
Pavimentação das Ruas com Mármore Branco


Naquele momento, o santuário (hierón) estava terminado.  O povo via, pois, que os operários, em número de mais de 18 000, ficavam no desemprego e tinham necessidade de salários, porque até então ganhavam a vida trabalhando no santuário. Não queria poupar o dinheiro, com medo dos Romanos, mas, preocupando-se com os operários, queria dispensar o tesouro em favor deles. Com efeito, se um operário tivesse trabalhado não mais que uma hora por dia, era imediatamente pago por ela.  O povo exorta e persuade o rei para restaurar o pórtico oriental. Era este um pórtico exterior do templo, dando sobre um vale profundo, com muros de 400 côvados de comprimento, de blocos quadrangulares de mármore branco, sendo o comprimento de cada um de 20 côvados e a altura de 6. Era obra do rei Salomão, que foi o primeiro que construiu todo o santuário (hierón).

Mas o rei, a quem o imperador Cláudio tinha confiado o cuidado de se ocupar do templo, refletiu que trabalho mais fácil era demolir, ao passo que construir era difícil, sobretudo tratando-se deste pórtico, porque isso exigia muito tempo e dinheiro. Afastou, pois, este pedido, mas sem se opor a que a cidade fosse pavimentada de mármore branco.

(A. J. XX, Cap. IX, 7. 219 - 222)

Em 64 d. C., vindo a ser destruído pelos Romanos no ano 70.

 Cf.: Mt 20, 8.

Uma parte do muro oriental parece ser anterior a Herodes e até pode remontar aos tempos de Salomão. Essa parte do muro é que teria 400 CV ou talvez 500 CV de comprimento.


CESAREIA (MARÍTIMA) 

Cesareia


Tendo notado, na costa, uma cidade então em plena decadência – chamava-se Torre de Estratão – mas que, em razão da sua localização favorável, era bem feita para beneficiar das suas larguezas, ele reconstruiu-a inteiramente de pedra branca, ornou-a de palácios magníficos e foi lá, mais do que qualquer outro lado, que desdobrou a grandeza do seu génio.
De Dora a Jope, das quais esta cidade é equidistante, a costa, com efeito, encontrava-se desprovida de porto, de tal forma que qualquer viajante que seguisse a costa desde a Fenícia em direção ao Egito lançava a âncora ao largo por causa da ameaça do vento do sudoeste; porque mesmo quando sopra moderadamente, a ondulação eleva-se a tal altura contra os rochedos que o seu refluxo torna o mar perigoso até uma grande distância.

Mas o rei, à força de larguezas e de magnificência, conseguiu vencer a natureza: construiu um porto maior que o Pireu, e, nos seus reforços, ainda mais ancoradouros profundos.

Chocando, por todo o lado, contra a hostilidade do terreno, desafiou a dificuldade, fazendo que a solidez da construção fosse à prova dos ataques do mar, e que, pela beleza, ela fosse adornada como se não tivesse havido nenhum obstáculo.

Como se tinha fixado para as dimensões deste porto o termo de comparação que acabamos de indicar, fez imergir em plenas águas, até uma profundidade de 20 braças, blocos de pedra, a maior parte das quais media 50 pés de comprimento, 9 de altura e 10 de largura e por vezes mais.

Uma vez preenchido o fundo, o dique por cima do nível do mar apresentava uma largura de 200 pés, 100 dos quais de avanço contra o assalto das ondas, donde o seu nome de «quebra-mar», e o resto subjacente ao parapeito de pedra que corria em torno do porto. Este dique era marcado com torres muito altas, das quais a mais avançada e mais magnífica foi chamada Drúsio, segundo nome do enteado de César.  Havia lá uma multidão de câmaras abobadadas onde se pudessem abrigar os que acabavam de lançar a âncora. Todo o terrapleno circular que corria diante destas câmaras formava um largo passeio para quem desembarcava. A entrada do porto era a norte, porque nesta região é o vento do norte o mais calmo. Na entrada estreita, de cada lado, 3 colossos adossados a colunas: os da esquerda quando se entra são suportados por uma torre maciça, e os da direita por 2 blocos de pedra levantados e ligados entre eles, cuja altura ultrapassa a da torre que se eleva no outro lado.
As residências vizinhas do porto são, também elas, de pedra branca. As artérias da cidade convergem para o porto e são traçadas a intervalos iguais uns aos outros. Frente à entrada estreita, numa plataforma, um templo de César, notável pela sua beleza e pelas suas dimensões, tendo no interior um estátua de César maior que o natural, que não é inferior à de Zeus de Olímpia, em que se inspira, e uma estátua de Roma, semelhante à de Hera de Argos.
Herodes dedicou a cidade à província romana, o porto aos que navegam nestas paragens, e a César a glória desta fundação, que, por este facto, ele chamou de Cesareia. 

Quanto ao resto dos edifícios, anfiteatro, teatro, praças públicas, fê-los construir dignos deste nome.

Instituiu, também, concursos quinquenais, aos quais ele deu um nome tirado, também, do nome de César, e que ele inaugurou, fornecendo pessoalmente prémios magníficos, na 192.ª olimpíada, concursos nos quais não somente os vencedores, mas também os que vinham em segundo e mesmo os que vinham em terceiro lugar recebiam a sua parte da munificência real.

(B. J. I, 408 - 415)

A construção de Cesareia exigiu mais de 12 anos. Terminou por volta de 10 ou 9 a. C.
Este enteado de Augusto é Nero Claudius Drusus (38 - 9 a. C.), pai de Germânico e filho de Lívia, casada em segundas núpcias com Augusto.

Quer dizer que este templo era dedicado conjuntamente a Augusto e a Roma, segundo as exigências do próprio Augusto: Em nenhuma província aceitou templos, a não ser que tivessem em comum com o seu o nome de Roma (Suetónio, Aug. 52).

Cesareia tornou-se uma cidade tão importante que foi escolhida para residência dos representantes do imperador.Tácito (Hist. 2, 78, 10) faz dela a capital da Judeia, com o mesmo título com que Antioquia da Síria. A população era maioritariamente pagã, mas compreendia, também, Judeus, que foram massacrados durante os tumultos de 66 (B. J. 2, 457).

Um teatro e um anfiteatro são edifícios característicos da civilização greco-romana. Foi nesse teatro de Cesareia, precisamente, que os Atos dos Apóstolos (12, 21 - 23) e F. Josefo (A. J. 19, 343 - 350) situam a cena em que Herodes Agripa I discursou à multidão e aceitou as lisonjas sacrílegas.


(12 - 9 a. C.).

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